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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Apresentando-se para a guerra

Entrei agora no e-mail do Universo Policial, e vejam a mensagem com a qual me deparei (retirei apenas os dados do militar):

"Senhor Comandante,

Eu, J.A.C., 3º Sgt RR PMERJ, RG xxxxxx, sirvo me do presente contato para me apresentar como voluntário a apresentar-me no estado efetivo pronto, e assim acrescer e compor novamente o corpo de tropa, a fim de participar nos atuais e futuros desafios que estão sendo enfrentados pela corporação. Dessa forma, solicito orientação de local e data para apresentar-me para o serviço. Aguardo Contatos: (xxx) xxxx.xxxx e ainda (xxx) xxxx.xxxx."

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Rio em guerra

Estou neste momento assistindo o Jornal Nacional, da Rede Globo. Só se fala na guerra no Rio de Janeiro. As cenas são chocantes, principalmente as que mostram um "batalhão" de traficantes fugindo. É muito vagabundo. Falar em guerra não é excesso ou sensacionalismo, pois esse é o termo absolutamente correto.

Até blindados da Marinha estão sendo usados pela polícia, visto que os caveirões se mostraram frágeis para enfrentarem o poder de fogo dos inimigos. Sim, inimigos, pois também acho que este é o termo correto para denominar quem enfrenta o Estado com fuzis, granadas e outras armas de guerra.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Sobre as ações terroristas no Rio de Janeiro

Não se fala em outra coisa na mídia senão na "crise" de violência no Rio de Janeiro. Um helicóptero ser abatido é verdadeiramente algo que se vê somente numa guerra. A que ponto chegou. Que vergonha para o nosso país! Absurdo! E maior absurdo não seria o salário pago aos PMs do Rio? Dá vontade de despejar neste texto tudo o que me revolta, mas ainda existem muitas amarras...

Hoje, mais um tripulante da aeronave morreu. Teve 80% do corpo queimado. Deu a vida para salvar os companheiros que estavam em dificuldade na favela, e estes (os companheiros) combatiam o tráfico de drogas. Por que combater o tráfico? Eu já refleti muito sobre isso. Pensava se valia a pena dar a vida para tentar ao menos controlar a epidemia das drogas?

sábado, 17 de outubro de 2009

Guerra no Rio - Traficantes derrubam helicóptero da PM

Na manhã de hoje, 17/10/09, traficantes do Rio de Janeiro derrubaram um helicóptero da Polícia Militar. Dois tripulantes morreram. Também foram incendiados ônibus e uma escola. Até o momento, há notícias de 12 mortos e 08 feridos. O confronto começou quando facções rivais tentaram invadir o Morro dos Macacos para dominar o tráfico de drogas na favela. Saiba mais no vídeo abaixo:


terça-feira, 28 de julho de 2009

CRACK: O “craque” do time da morte.

“O doce se torna amargo na medida em que o efeito do crack passa e a necessidade psicológica assim o pede de volta”. (Archimedes Marques)

Dentre todos os componentes do time das drogas. Dos componentes do time da morte. Está a figura do crack. O crack como o mais avassalador, como o mais devastador de todo o conjunto de entorpecentes ou dos elementos químicos alucinógenos, que torna o seu usuário no maior dependente periculoso e debilitado existente. Torna o dependente capaz de qualquer coisa, capaz de matar ou morrer para sustentar o seu vício.

Crítica é a situação em que se acha o usuário e dependente do crack. Crítica não melhor é a situação em que se vive os seus entes queridos que nada fizeram para merecer tal castigo.

A violenta crise situacional e emocional do dependente do crack parece fugir-lhe toda a perspectiva de dias melhores. As ocorrências no terreno familiar e social vão caminhando sempre em largas vertentes para o mal e para dias piores. A vida vivida pelos envolvidos com o vício do crack parece esvair-se entre os dedos das suas próprias mãos.

Lançando um olhar no passado, o viciado, vê o rumo errado que tomou. Olhando ao futuro somente se lhe afigura a tumba. O seu presente é só o crack... O crack como o senhor do seu viver... O crack como dominador do seu “eu”... O crack como seu real transformador do bem para o mal... O crack como destruidor da sua família... O crack com aniquilador do seu bem maior... O crack como o seu transporte para a morte!...

Estamos, sem sombras de dúvidas, em aguda e profunda crise urbana e social relacionada a essa droga avassaladora.

De um lado temos o traficante se fortalecendo cada vez mais e arregimentando sempre um maior número de pessoas para a sua equipe criminosa. O traficante como sendo o “dono do bairro”, o “rei do morro”, o “comandante da área”. O traficante como se fosse uma espécie de “Governo Ditatorial” paralelo ao nosso Regime Democrático do Direito.

Na sua “pseudo propriedade” ele faz as vezes do Estado realizando quase sempre, em troca de favores, o trabalho social para a comunidade carente local. Funciona também como se fosse um “Juiz opressor” na resolução das contendas do povo. A sua palavra, a sua decisão não se discute, se cumpre.

Como “Juiz” ele também realiza o julgamento sumário do seu inimigo, do seu opositor, do descumpridor das suas ordens, do traidor da sua equipe que quase sempre são condenados à pena de morte. Morte essa que pode ser por execução a tiros ou pelos meios cruéis da tortura. Os fatos mostrados pela mídia referente aos constantes corpos encontrados em determinados locais evidenciam e demonstram a veracidade da afirmativa, principalmente no que tange aos morros do Rio de Janeiro, favelas de São Paulo ou dos grandes centros do país.

Como Ditador ele faz as suas leis, faz a guerra, a instabilidade social causando terror e medo ao povo. Demonstra o seu poderio, força e até decreta feriado ao determinar o fechamento do comércio e dos colégios da “sua localidade” quando bem lhe convier.

Tais assertivas são facilmente comprovadas pelas matérias ofertadas na mídia, senão vejamos alguns exemplos pelas manchetes ou chamadas jornalísticas da revista Veja nos últimos tempos: TRAFICANTES USAM TERROR COMO ARMA DE GUERRA: bandidos voltam a apavorar o Rio de Janeiro em mais uma demonstração de força e ousadia... CIDADE SITIADA: Traficantes atacam pontos turísticos, desafiam a polícia e espalham terror no Rio... OUSADIA SEM LIMITE: Terrorismo urbano em Vitória. Guerra entre quadrilhas no Rio. Onde isso vai parar?... O DIA DO BANDIDO: Em mais uma exibição de força, traficantes fecham o comércio em quarenta bairros do Rio de Janeiro... GRANADA, METRALHADORA E AGORA MÍSSIL: Busca em Bangu 1 mostra a força do tráfico, que continua atuando por trás das grades”...

O tráfico de drogas, além disso tudo, também faz vítimas inocentes quase que diariamente através das constantes “balas perdidas” disparadas em treinamento, em acerto de contas, em confronto entre eles, em troca de tiros com a Polícia, por brincadeira ou simplesmente pela pura maldade de alguns quando se atiram a ermo em qualquer direção.

É realidade nua e crua que o tráfico de entorpecentes engrossa as suas fileiras com crianças e jovens que funcionam na organização criminosa como “aviões, fogueteiros, vigilantes, laranjas, informantes e até executores de crimes diversos.” Tais crianças e adolescentes muitas vezes por falta de opção ingressam naquele mundo e tem aquele “trabalho” como uma espécie de carreira profissional.

A série verdade apresentada pela Rede Globo no programa Fantástico no ano de 2006 denominado “Falcão - meninos de tráfico” comprova essa triste realidade brasileira. O documentário que é uma produção independente realizada pelo rapper MV Bill, pelo seu empresário Celso Athayde e pelo centro de audiovisual da Central Única das Favelas, deu bastante trabalho para os seus idealizadores e realizadores que tiveram que enfrentar o ambiente hostil onde viviam os jovens.

O termo “falcão” é usado nas localidades do tráfico como sendo aquele cuja tarefa é vigiar a comunidade e informar quando a Polícia ou algum grupo inimigo se aproxima.

Durante as gravações, 16 dos 17 “falcões” entrevistados morreram, sendo 14 em apenas três meses, vítimas da violência na qual estavam inseridos. Seus funerais também foram documentados. O único sobrevivente foi empregado pelos dois produtores, mas acabou voltando para o tráfico até ser preso.

O produtor CELSO ATHAYDE ao falar do Projeto Falcão que também está incluso um livro publicado pelos mesmos autores, referiu que o seu objetivo principal é a conscientização da sociedade para a realidade dos jovens das comunidades pobres: “O Falcão não é um caso de polícia, não é uma denúncia, não é uma lamentação. Falcão é sobretudo uma chance que o Brasil vai ter para refletir sobre uma questão do ponto de vista de quem é o culpado e a vítima. Falcão é uma convocação para que a ordem das coisas seja definitivamente mudada.”

Com cenas fortes, deprimentes e chocantes a população tomou conhecimento daqueles fatos negativos e reais que repercutiu mundo afora. Jovens e crianças, fora da escola, apresentados em posse de armas e usando drogas fizeram daquela reportagem um verdadeiro documento comprobatório da insanidade do tráfico, do total desrespeito às Leis e da pouca vontade política governamental para resolver o problema que continua praticamente no mesmo patamar. Comprova-se pelos detalhes e pelas filmagens apresentadas que os “meninos do tráfico” sucumbem periodicamente. Trabalham somente para manter os seus vícios e para ajudar as suas famílias.

A escritora LYA LUFT formou a sua opinião emocionada no item “ponto de vista” referente ao citado documentário quando disse na edição 1.950 da revista Veja on-line: “Nós todos somos culpados de que eles tenham existido, sofrido, matado e morrido, sem nenhuma possibilidade de vida, de esperança e de dignidade”.

E ainda no seu texto discorre a referida escritora: “Muito mais existe do que foi mostrado. Pior: muita gente poderosa, de rabo solenemente preso, vive daquela desgraça; muita cumplicidade perversa promove e mantém aquilo; tudo prolifera e floresce com muito arranjo sinistro – como sinistra, disse um daqueles meninos, era a sua vida: “a vida da gente aqui é sinistra e louca”, ele disse com sua voz fraquinha. Vou pensar todos os dias que continuam morrendo crianças iguais àquelas, que poderiam ser meus filhos, teus filhos, nossos filhos. Eram nossos, aqueles meninos e meninas, sonados, ferozes ou tristíssimos, que a gente tem vontade de botar no colo e confortar. Mas confortar com o quê? E aquela arma, e aquelas drogas, e aquela infelicidade, e aquela desesperança? Fazer o quê?”

A questão dos grandes traficantes fazer parte do crime organizado também é uma realidade, não fosse isso, não haveria verdadeiros arsenais em posse deles. São armas poderosas e das mais modernas em mãos do tráfico que entram no país de forma “misteriosa”.

Sem entrar no mérito da questão e apenas para ilustrar a concordância verdadeira de ligação entre o tráfico de drogas e o crime organizado há de se ressaltar o entendimento defendido por GUARACY MINGARDI, Doutor em Ciências Humanas e atual Diretor Científico do Instituto Latino-Americano das Nações Unidas para Prevenção do Delito e Tratamento do Delinqüente, na sua tese de Doutorado em 1996 junto a Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo sobre o tema “O Estado e o crime organizado”, quando aponta as quinze características inerentes dessa organização criminosa que comunga com os mesmos atos do tráfico: 1) Práticas de atividades ilícitas; 2) Atividade clandestina; 3) Hierarquia organizacional; 4) Previsão de lucros; 5) Divisão do trabalho; 6) Uso da violência; 7) Simbiose com o Estado; 8) Mercadorias ilícitas; 9) Planejamento empresarial; 10) Uso de intimidação; 11) Venda de serviços ilícitos; 12) Relações clientelistas; 13) Presença da lei do silêncio; 14) Monopólio da violência; 15) Controle territorial.

Segundo a reportagem intitulada “Vítimas da indústria do crime” da revista Veja on-line, edição 1.796, o próprio Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando discursava a uma platéia de metalúrgicos em São Paulo, admitiu: “Não podemos ficar assustados 24 horas por dia. O crime organizado não é mais uma bandidagem comum que nós conhecíamos. É uma indústria de fabricar dinheiro com as drogas.”

O crime organizado possui vários tentáculos, e esses tentáculos buscam sempre atingir a proteção dos Poderes constituídos. Vez por outra a Polícia descobre a participação de Autoridades públicas ligadas àquela organização criminosa.

A maioria das denúncias de corrupção para proteção ao crime organizado recai sobre a própria Polícia, isso é fato público e notório, contudo, vários Policiais já foram expulsos das suas corporações, foram penalizados ou respondem a Processos por crimes equivalentes, o que comprova que a Polícia de hoje, em regra, é Instituição séria e deve ser respeitada como tal.

Assim como ocorre com a Polícia, diversos setores de outros Poderes Público, também já foram objetos de denúncia, investigação ou Processo com as devidas penalidades para algumas das pessoas efetivamente ligadas às organizações criminosas.

Assim, o “Poder paralelo” do tráfico governa as suas áreas e enriquece os seus líderes de forma geométrica praticando todo tipo de crime para manter e aumentar diariamente o número de usuários e dependentes químicos das drogas, que além de morrer física e mentalmente, ainda leva consigo os seus entes queridos para a desgraça, ainda faz vítimas outras pessoas da sua insanidade em busca do falso prazer da droga, aumentando em conseqüência, o índice de criminalidade no País.

Do outro lado, do lado oposto da gravíssima problemática encontra-se o viciado. Encontra-se a sua família, os seus verdadeiros amigos... Encontra-se a população atônita, indefesa e impotente... Encontra-se o Poder público com pouca vontade política para debelar ou mesmo amenizar tal situação.

A Polícia, por sua vez, como real protetora da sociedade, procura cumprir a sua árdua e difícil missão de também combater esse crime. Nesse sentido, agindo habitualmente de maneira investigativa ou repressiva, de quando em vez, a Polícia realiza ótimas operações com apreensões de grande quantidade de drogas, armamento de grosso calibre e alto poder de fogo tais como fuzis e metralhadoras dentre outras, granadas e farta munição, além de se prender indivíduos maiores dos grupos organizados, contudo, é fato que mesmo de dentro dos presídios os chefes do tráfico continuam comandando as ações criminosas das suas áreas de atuação ou determinando a morte de pessoas a seu bel prazer. É fato também que quando morre alguém importante de determinado grupo do tráfico, de logo, é ele substituído por outro em grau de hierarquia equivalente da sua equipe para dar continuidade à administração daquele território. Destarte haver também a guerra entre grupos pelo poder ou tomada de poder de determinada área e, das batalhas, deixam-se rastros e rios de sangue.

Entretanto, é também fato presente em todo lugar, que no cotidiano das ações policiais repressivas às drogas, na maioria das vezes, o que se vê são prisões e apreensões de pequenos traficantes, que não deixa de ser também ações necessárias, contudo, observa-se perfeitamente que tais pessoas são moradores de barracos ou palafitas das periferias das cidades, o que subentende sejam eles intermediários ou vendedores à serviço dos grandes traficantes.

Relacionado às ações preventivas dos órgãos competentes, atos investigativos e repressivos da Polícia nesse âmbito, é verdade que a “Inteligência Policial”, a “Inteligência Criminal” é de suma importância. É essencial na luta para conter o tráfico e o crime organizado, porém, a experiência brasileira nesse contexto até agora não se mostrou em real frutífera, pois a epidemia da droga se alastra a atingir novos adeptos todos os dias a todo momento.

Assim, estamos perdendo a partida para o crime organizado... Assim, estamos perdendo a luta para o tráfico... Assim, estamos perdendo os nossos jovens para o crack... Assim, estamos perdendo o futuro da Nação para as drogas!...

Até parece que apesar de todas alertas feitas, as Autoridades constituídas ainda não atentaram para esse gravíssimo problema: As chamadas “cracolândias” estão se proliferando em alta escala pelos quatro cantos do país. Uma epidemia de crack que supera todas as outras drogas juntas, destarte já haver também o MERCADÃO DAS DROGAS. Um mercado livre com grande variedade de entorpecentes em promoções e tudo mais, ocorrido em determinada rua da metrópole São Paulo no cair da noite, cuja filmagem e reportagem comprobatória fora mostrada em Jornal da TV Record.

Sem querer brincar com a situação, muito pelo contrário, no sentido de espairecer um pouco o assunto tão sério e preocupante, antes de adentrarmos na questão do fabrico químico do crack, suas conseqüências nefastas no organismo humano, alguns exemplos da tragédia familiar causados pela droga e dos apelos necessários, façamos de conta por algum momento, até para prender mais o leitor ao presente texto, que estamos em um jogo, em uma partida de futebol disputada entre os times da MORTE versus SOCIEDADE, complementando o comentário somente com o trio de ataque demolidor do nosso adversário, qual seja, a cocaína, a merla e o crack:

O time da MORTE que disputa a partida com a SOCIEDADE continua em boa performance e em ótima fase exterminando sempre os seus adversários é formado com: Skank, maconha, haxixe, ecstasy, morfina, heroína, ópio, LSD, cocaína, merla e crack...

O banco de reservas conta com: Paco, codeína, psicotrópico, rebite, álcool e fumo...

O técnico do time da MORTE, o popular traficante que é bastante respeitado e temido pelo povo, está bastante otimista e satisfeito com o rendimento da sua equipe. Traficante acredita sempre na vitória sobre a SOCIEDADE que apesar de ser um grande time e ter bastante força é uma equipe apática e desmotivada...

Apostando no desânimo da SOCIEDADE que está atônita em campo, os Diretores do time da MORTE sentem-se gratificados com as estupendas arrecadações que sobem jogo à jogo e por isso prometem investir mais e mais no grupo com o intuito de transformá-lo numa equipe imbatível...

O trio de ataque arrasador do time da MORTE que é interligado um ao outro, vem cumprindo a sua tarefa satânica de estraçalhar os seus adversários...

A geração mortificadora desse time é provinda da base da cocaína e então com a adição de produtos químicos altamente nocivos ao ser humano nasceu a merla e o crack. Essa dupla de ataque aniquilador que é filha da cocaína, nada mais é do que UM MAL PIORADO.

O crack, que é o craque do time da morte é também conhecido por ZIDANE, em alusão ao craque de futebol da Seleção Francesa que derrotou o Brasil em Copa Mundial passada.

A cocaína é uma droga em pó de cor branca que é derivada das folhas da planta de coca, cultivada principalmente na América do Sul, em maior escala, na Colômbia, Bolívia e Peru.

A folha da coca que era usada na antiguidade por índios e nativos da área em forma de mastigação, cujo objetivo era ganhar força e energia, se transformou através dos tempos, por meio da refinaria e mistura a elementos químicos, em cocaína.

A cocaína tinha propósito inicial meramente medicinal, contudo, logo foi desvirtuado o seu objetivo e iniciado assim o novo problema social vez que as conseqüências para o seu dependente químico são devastadoras.

A cocaína é uma substancia altamente viciante e os seus usuários tornam-se fisicamente e psicologicamente dependente da droga, ao ponto de não poder controlar os seus próprios desejos e impulsos.

A pesquisadora e cientista STEPHANIE WATSON bem explica as maneiras que podem ser usada essa potente droga: “ A cocaína é uma droga que pode ser utilizada de três maneiras: cheirando, injetando ou fumando. A forma cheirada, ou seja, a cocaína em pó, é feita pela dissolução da pasta de coca retirada das folhas da planta em mistura de ácido hidroclorídrico e água. Sal potássio é acrescentado à mistura para separar as substancia indesejadas, que devem ser removidas. Então, acrescenta-se amônia à solução restante, e o pó sólido da cocaína se separa. Para injetar cocaína, o usuário mistura o pó com um pouco de água e usa uma seringa hipodérmica para forçar a solução diretamente na veia.

A cocaína em pó forma a base da cocaína de base livre. A cocaína de base livre tem um ponto de fusão baixo, por isso pode ser fumada.”

A professora e pesquisadora da Equipe Brasil Escola, PATRICIA LOPES, assim explica as conseqüências advindas aos usuários da cocaína: “Devido aos efeitos de euforia e prazer que a cocaína proporciona, as pessoas são seduzidas a utilizá-la para vivenciar sensações de poder, entretanto tais efeitos tem pouca duração. Logo o indivíduo entra em contato com a realidade, aspecto que desperta uma grande ansiedade em poder utilizá-la novamente.

Aceleração ou diminuição do ritmo cardíaco, dilação da pupila, elevação ou diminuição da pressão sanguínea, calafrios, náuseas, vômitos, perda de peso e apetite são alguns dos efeitos biológicos da cocaína.”

A merla, a exemplo do crack, é uma droga perigosa e devastadora. Como já foi dito, é derivada da cocaína. Trata-se da junção das folhas de coca com alguns produtos químicos perigosíssimos para a saúde humana, tais como, ácido sulfúrico que é altamente corrosivo e usado em bateria de carro, querosene que é derivado do petróleo tendo outros propósitos e a cal virgem, ou cal viva que é usada em construções ou plantações, dentre outros, que ao serem misturados se transforma numa pasta branco amarelada onde se concentra mais ou menos 50% de cocaína. A droga é fumada pura ou misturada num cigarro comum ou num cigarro de maconha, e, quando isso ocorre, tal “experimento” recebe a denominação de BAZUCA. “A bazuca é a mistura de tudo que não presta com os horrores da insanidade humana.”

A fumaça altamente tóxica da merla é rapidamente absorvida pela mucosa pulmonar excitando o sistema nervoso, causando euforia e aumento de energia ao usuário, com isso advém, a diminuição do sono e do apetite com a conseqüente perda de peso bastante expressiva.

As conseqüências que sofre o organismo humano do usuário da merla são idênticas ao do usuário do crack, vez que a sua composição química é bastante parecida.

O usuário da merla pode ter convulsão e como conseqüência desse fato, pode levá-lo a uma parada respiratória, coma, parada cardíaca, e, enfim, a morte. Além disso, para os fracos e debilitados sobreviventes, ao longo do uso da droga, há perda dos seus dentes, pois o ácido sulfúrico que faz parte da composição química do produto assim trata de furar, corroer e destruir a sua dentição.

Para completar o item discorrido, há de se acolher o relato do nobre Professor JEFERSON BOTELHO, quando assevera em um dos seus artigos pertinentes ao tema: “Como o crack, a merla vai destruindo o seu usuário em vida ao ponto dele perder o contato com o mundo externo, se tornando um zumbi movido pela compulsão à droga que é intensa. Como os efeitos têm curta duração, o usuário faz uso com muita freqüência e a sua vida passa a ser em função da droga que atinge o organismo através dos pulmões quando é fumada e pela corrente sanguínea alcança o cérebro causando alterações psíquicas.”

De volta ao crack, a exemplo da sua congênere, a merla, além da droga possuir uma grande percentagem de cocaína na sua fórmula absurda, gananciosa, inconseqüente e mortal, constituído com vários produtos químicos altamente nocivos e destrutivos à saúde do usuário, é também o produtor do vício mais rápido entre as drogas. Com duas ou três pedras fumadas o usuário vicia e o seu organismo passa a pedir mais e mais a droga tornando-o de imediato um dependente químico.

O Representante brasileiro do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC), BO MATHIASEM, admite a preocupação com essa droga: “O crack é mais barato, sim, e vicia muito, agravando rapidamente o problema da dependência química”

Realmente o crack, por possuir no seu composto produtos mais baratos tais como a cal virgem e o ácido sulfúrico, também é mais barato do que as outras drogas, contudo, sem contar com as conseqüências advindas do seu uso, é certo dizer que é aquele barato que se torna mais caro pois a necessidade do usuário é mais freqüente em decorrência do curto espaço de tempo de duração do efeito químico alucinógeno no seu organismo.

A disseminação do crack tomou conta do País e os menos avisados ou mesmo os já viciados noutras drogas passaram a experimentá-lo. Com isso, o vício terminou pegando-os de vez como uma teia de aranha em armadilha para as suas presas.

A socióloga SILVIA RAMOS, coordenador do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes, dá o seu exemplo quanto ao problema da proliferação do crack: “É impressionante. A qualquer hora do dia, vemos crianças e adolescentes consumindo a droga e deitados no chão. Áreas dominadas pela facção Comando Vermelho passaram a vender e isso vem como uma tsunami.”

Para um País imenso como é o Brasil, uso do crack se tornou uma constante do Oiapoque ao Chuí, aumentando a riqueza dos grandes traficantes e do crime organizado em proporções gigantescas.

O psiquiatra, diretor técnico do Hospital Psiquiátrico São Pedro, em Porto Alegre, GILBERTO BROFMAN, explicou em poucas palavras a nova moda de droga: “Estamos perante uma epidemia, porque há um número explosivo de casos nos últimos três anos. Antes era uma raridade, tínhamos nas unidades 90% de outras dependências e 10% de crack. Hoje temos o contrário.”

O referido psiquiatra cita um estudo feito em São Paulo que aponta que a mortalidade dos viciados em crack é de 30% em cinco anos. Complementa o seu raciocínio: “É uma droga diferente das outras e muito mais severa. Não há outra droga que produza um declínio físico e mental maior para o paciente. As conseqüências físicas são muito severas, como infartos, acidente vascular cerebral (AVC), doenças hepáticas, dano cerebral e pulmonar além de hipertensão.”

Segundo estudos realizados por especialistas na área, as dificuldades para o tratamento dos viciados em crack também são imensas, por isso, a grande preocupação das Autoridades ligadas ao tema da intensa problemática.

Tal entendimento é corroborado pela psicóloga SANDRA HELENA DE SOUZA, diretora técnica da Fundação de Proteção Especial do Rio Grande do Sul, que acrescenta: “Considerando a gravidade da droga e a baixa resolutividade em termos de tratamento, é uma epidemia. O sentimento na sociedade e principalmente nas famílias que vivem esse drama é de impotência.”

Para a citada psicóloga, o País não está preparado com atendimento necessário para enfrentar a problemática dessa droga: “O crime está muito organizado, e a sociedade atrasada.”

Todos os meses, todas as semanas, todos os dias nos deparamos com notícias trágicas envolvendo viciados do crack.

O início da trajetória de crimes praticados pelo dependente químico do crack ou da tragédia familiar causada é sempre a mesma: “O viciado depois de gastar tudo que tem passa a se desfazer dos objetos da sua própria casa, ou quando criança ou jovem, passa a furtar os objetos da casa dos seus pais ou dos seus familiares e amigos para vender ou trocar por crack. Depois outros furtos em tudo quanto é canto. Posteriormente roubos a transeuntes ou em comércio... e em conseqüência, homicídios e latrocínios.”

Se nesse artigo apelativo fossem pormenorizados todos os casos criminais envolvendo o uso do crack no País certamente o presente texto viraria um verdadeiro “Tratado”, por isso, a razão apenas superficial do item, retirado de algumas matérias ou manchetes jornalísticas diversas: “MÃE MATA SEU PRÓPRIO FILHO VICIADO EM CRACK: Em pleno Domingo de Páscoa, o crack gerou um crime de homicídio em um bairro nobre de Porto Alegre. Uma mãe idosa de 60 anos de idade matou o seu filho de 23 anos a tiros depois de perder as esperanças de recuperá-lo das garras do crack. A mãe desesperada confessou o crime para a Polícia e contou todo o sofrimento que passou durante oito anos na tentativa de tirar o seu filho daquela triste situação. Parentes das partes testemunharam que o jovem por várias vezes tentou matar os seus pais e que o crime praticado pela idosa foi um ato de agonia, de liberdade, de alívio e de defesa própria...

JOVEM MATA AVÔ POR CONTA DO CRACK: O fato ocorreu em Aracaju, capital do Estado de Sergipe. Há alguns meses atrás um jovem de 19 anos de idade matou o seu avô e feriu a sua avó a facadas para lhes roubar uma televisão e negociar em troca do crack. A avó do criminoso relatou que só não foi também assassinada porque se fez de morta...

E tantas outras manchetes de jornais no cotidiano brasileiro: MÃE CHORA A PERDA DO SEU FILHO PARA O CRACK... VICIADO EM CRACK MATA A SUA MÃE... MÃE PERDE SEU SEGUNDO FILHO PARA O CRACK... PAI ACORRENTA SEU FILHO VICIADO EM CRACK... VICIADO MATA SEU IRMÃO POR CAUSA DE UMA PEDRA DE CRACK... VICIADO ENGOLE UMA PEDRA DE CRACK COM A CHEGADA DA POLÍCIA... VICIADO EM CRACK MATA SUA COMPANHEIRA E FILHA... USUÁRIO DE CRACK CONFESSA DOIS LATROCÍNIOS... PRESA DUPLA DE ASSALTANTES VICIADA EM CRACK... PAIS EM DESESPERO DENUNCIAM CRIMES PRATICADOS PELO SEU FILHO VICIADO EM CRACK... USUARIO DE CRACK PRATICA MAIS UM ASSALTO A ÔNIBUS... MAIS UM SUICÍDIO PRATICADO POR DEPENDENTE DE CRACK... A CRACOANDIA ESTA CHEIA DE CRIANÇAS FUMANDO CRACK ABERTAMENTE... MAIS UMA TRAGÉDIA EM FAMILIA POR CAUSA DO CRACK... PAI MATA FILHO USUÁRIO DE CRACK... VICIADO EM CRACK MATA IRMÃ QUE LHE ACONSELHAVA PARA O BEM... USUÁRIO DE CRACK MORRE EM TROCA DE TIROS COM A POLÍCIA... JUVENTUDE PERDIDA NO CRACK... USUÁRIO DE CRACK FAZ MAIS UMA VÍTIMA DE LATROCÍNIO... VICIADA EM CRACK QUEIMA COM CIGARRO O SEU FILHO DE TRÊS ANOS DE IDADE... E por aí vai!...”

De todo modo, bem perto de todos nós, tudo isso acontece. Drogas como o crack tomam conta de boa parcela da sociedade, principalmente dos jovens, constituindo perigo tanto para o próprio usuário, quanto para a sua família e para as demais pessoas que atravessam em seu caminho.

É de bom alvitre registrar o entendimento do Professor e Educador do Rio Grande do Sul, CLEBER C. PRODANOV quanto aos projetos públicos de combate às drogas: “Parece que as políticas adotadas até aqui para frear o consumo das drogas não tem atingido seus objetivos somente com a repressão, sem a conscientização. A educação e um convívio mais profundo e dialogado entre as pessoas, especialmente entre pais e filhos, poderá livrar-nos dessa epidemia. Não podemos achar que a polícia ou a medicina resolverão os problemas, que, muitas vezes, se iniciam nos lares, escolas e outros lugares de convivência, principalmente dos jovens, mais expostos, por vários motivos, à atração do mundo das drogas.”

A Polícia, via de regra, faz o que pode no combate a essa insanidade humana. Não é a Polícia onipresente ou onipotente para evitar toda essa parafernália e para prender todos os traficantes ou desbaratar de vez o narcotráfico e o crime organizado, por isso cumpre o seu mister, está à espera de novos paradigmas ou de ações mais efetivas por parte dos Poderes constituídos.

Diante de tudo isso. Diante de todos esses fatos comprobatórios que evidenciam a realidade de que o Brasil corre sério problema de identidade racional com as drogas e em especial com o crack, só nos resta o GRITO DE ALERTA:

É preciso mudanças imediatas...

É preciso de ações governamentais rigorosas e eficientes para conter o tráfico...

É preciso que se mudem as Leis e se aplique a pena máxima ao traficante de drogas...

É preciso que haja aulas exemplificativas com mais freqüência em todas as Escolas do Brasil para conscientizar o aluno sobre o perigo das drogas...

É preciso que os pais também se posicionem com os seus filhos alertando-os sobre essa epidemia...

É preciso que o povo denuncie com mais freqüência os pontos de venda de drogas...

É preciso que a população denuncie diariamente os traficantes da sua área residencial...

É preciso que a sociedade denuncie às Corregedorias ou Ouvidorias de Polícia quando Policiais estiverem acobertando ou envolvidos com o tráfico de drogas...

É preciso de Leis mais rígidas e menos burocráticas para excluir e punir em curto prazo de tempo o Policial protetor do tráfico de drogas...

É preciso que o cidadão denuncie à Polícia, ao Ministério Público, à OAB ou órgão congênere quando souber que qualquer Autoridade ou Funcionário Público esteja envolvido com o tráfico de drogas ou com o crime organizado...

É preciso que haja mais e melhores clínicas especializadas em tratamento ao drogado à serviço do Estado...

É preciso que haja mais psiquiatras, psicólogos, terapeutas, psicanalistas e médicos especialistas com função pública para tratar dos dependentes químicos das drogas...

É preciso que haja um melhor e mais amplo engajamento das Igrejas e demais entidades religiosas em busca de soluções para amenizar o tráfico de drogas...

É preciso que haja mais escolas públicas profissionalizante para tirar o jovem das ruas e das drogas, dando-lhe uma profissão digna...

É preciso que a sociedade civil debata o tema com mais veemência e se engaje efetivamente na luta contra as drogas, contra o crack...

É preciso que se invistam mais nos setores que combatem o crime organizado, pois aí está a raiz profunda do problema do tráfico...

É preciso que haja medidas preventivas, repressivas e curativas efetivamente sérias no combate às drogas...

É preciso que haja programas educacionais efetivos para fortalecer a auto-estima do jovem no sentido de livrá-lo das drogas e levá-lo aos esportes, aos estudos...

É preciso que os Governos invistam mais no Policial pagando-lhe salário digno para melhor incentivá-lo no combate às drogas...

É preciso que os Governos invistam mais nos setores de Inteligência Policial e nos Órgãos Policiais especializados para melhor se combater o tráfico de drogas...

É preciso que se abandonem de vez as ações pirotécnicas e se criem projetos verdadeiros em todas as cidades do País para o controle das drogas...

É preciso que se formem mais craques no futebol, nos esportes, na vida, não no crack da droga ou na droga do crack!...

É desejo de todos nós, inclusive do viciado e dependente químico das drogas, do crack, viver intensamente por muito tempo, aproveitar os prazeres da vida com alegria e disposição, conviver amistosamente com os familiares e amigos, ir para onde quiser com liberdade e autonomia, e, acima de tudo, ser saudável física e mentalmente, por isso, é preciso que a presente ação apelativa seja compreendida e acatada por todos, para enfim, se chegar o cidadão e a sociedade a uma vida efetivamente menos sofrível e mais vitoriosa.

(*Delegado de Policia. Pós-Graduado em Gestão Estratégica de Segurança Publica pela UFS)
archimedes-marques@bol.com.br


Referências bibliográficas e sites pesquisados:

AMORIM, Carlos. CV e PCC: A irmandade do crime. Rio de Janeiro: Record, 2003.

MAGALHÃES, Mário. O narcotráfico. São Paulo: Publifolha, 2000.

MINGARDI, Guaracy. O Estado e o crime organizado. 1996. Tese (Doutorado). Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. São Paulo, 1996.

BALBACH, Alfons. “Um Novo Mundo”. Edição Vida Plena. Itaquaquecetuba, São Paulo, 2006.

GUISELINI, Mauro. Energia, Saúde & Qualidade de Vida. Editora Dedona. São Paulo, 2007.

Dicionário Aurélio Buarque de Holanda.

Wikipédia, a Enciclopédia livre.


terça-feira, 12 de maio de 2009

GO do Leles nas ruas, infratores na cadeia!

Se você trabalhar, acontece. Se você trabalhar, o resultado positivo acontece. Grandes apreensões, importantes prisões, redução nos índices de criminalidade. Mas, se você trabalhar, também acontece. Indiciamento em inquéritos, acusações em procedimentos administrativos, atraso na promoção, quiçá uma prisão em flagrante. Positiva e negativamente, se você trabalhar, acontece. É como dizem: o policial (que trabalha) está com um pé na cadeia e o outro na cova.

Um exemplo real do que acabei de falar é a vida profissional do nosso companheiro Leles (observação: para os infratores, Alemão). Ele tinha tudo para ser desmotivado. Tudo. Está há anos “agarrado”, esperando uma decisão judicial para ter o que ele merece de fato e de direito.  Mas,  apesar de tudo, e para azar dos vagabundos, sobra-lhe disposição e competência. Ele é aquele tipo de profissional nato, vocacionado. Nada nem ninguém o desmotiva. Se ele não fosse policial, eu não sei o que ele seria. Eu só o imagino sendo policial.

Só Deus sabe o quanto eu gostaria de vê-lo com as duas divisas reluzentes nas mangas da gandola. Sabe por quê? Porque ele merece, simplesmente, porque ele merece. E porque tem competência, e tem disposição. E porque trabalha muito, e ama o que faz, e faz com prazer.

Eu não vou afirmar que “só é punido quem trabalha”. Algumas vezes, quem não trabalha também é punido. Mas, com certeza, quem trabalha está mais susceptível de ser punido.

Também não vou afirmar que o sistema “só contempla quem não faz”. O sistema contempla quem faz, é inegável. O Leles deve ter uma centena de recompensas em sua ficha; nada mais do que o merecido.

Com o Leles não existe “tempo ruim”. É vinte quatro horas por dia no encalço dos vagabundos. Eu acho que até dormindo, em seus sonhos, ele manda os bandidos para trás das grades.

GO do Leles nas ruas, infratores na cadeia!

Nota: Se você é vagabundo, corre, e corre muito, porque a equipe dele está chegando taticamente para lhe colocar num lugar onde o sol nasce quadrado.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Milésimo de segundo, matar ou morrer


Ouça o conto no player acima ou leia abaixo

Lá estava o rapaz na minha frente, a uns dez metros de distância. Devia ter uns 18 anos o infeliz. Minha ponto quarenta estava apontada para seu tórax. O desgraçado não obedeceu a ordem de colocar as mãos na cabeça. Como um filme que se passa em câmera lenta, fui vendo-o colocar a mão para trás da cintura, como se fosse retirar algo de lá. Seria uma arma? Eu gritava para ele colocar as mãos na cabeça. O desgraçado não atendia. O meu organismo foi inundado por doses insólitas de adrenalina. Encostei o dedo na tecla do gatilho, era matar ou morrer.

Tudo parecia passar tão lentamente, talvez porque os pensamentos estivessem acelerados ao extremo. O Soldado Barros estava do meu lado. Talvez ele atirasse antes de mim, ou talvez estivesse esperando eu efetuar o primeiro disparo. No primeiro tiro que eu desse, ele provavelmente iria descarregar sua arma. Ele sempre foi um excelente companheiro de serviço. Era difícil encontrar policial com tamanha disposição. E, naquela época, eu também estava muito motivado. Perdi a conta de quantas vezes nós havíamos adentrado naquela favela sozinhos, só nós dois, incursionando por aqueles becos estreitos e fedorentos de esgoto a céu aberto. O nosso objetivo, pelo menos o meu, nem sempre era prender, pois eu preferia investigar, levantar informações sobre as bocas-de-fumo para depois dar o pulão certeiro e com supremacia de força. Eram incursões espiãs durante a madrugada, único horário que nos restava para combater o crime, pois, antes disso, éramos para-raios de conflitos sociais e familiares.

Num milésimo de segundo, apontei a arma para face do rapaz. Eu não costumava errar, ao menos não em alvos imóveis de papel. Mas a realidade era diferente, e eu decidi que era mais prudente voltar a alinhar a alça e a massa de mira para o tórax do infeliz, região do corpo de maior proporção. Na cabeça, bastaria um, no tórax, seriam necessários uns três disparos efetuados em rápida sequência, ou mais. Quando ele caísse, eu iria parar. O que eu não iria era dar chance para ele efetuar um disparo sequer, caso ele estivesse armado. Eu tinha família, gostava de viver e estava muito novo. O Soldado Barros, ainda mais novo do que eu, tinha namorada, para qual ele dizia que contava tudo que se passava nos nossos turnos de serviço. Sim, ele tinha que anunciar o serviço para a namorada, a Carolyn. De tanto ouvir nossas histórias, a Carolyn acabou ingressando também na Military Police.

O rapaz enfiou a mão no bolso de trás da calça. Eu não parava de gritar para ele colocar as mãos na cabeça. Ele tirou a mão do bolso. Meu dedo começou a pressionar a tecla do gatinho, momento em que percebi que ele havia pegado um papelote de cocaína. Soltei rápido a tecla do gatilho. Mais um milésimo de segundo e o desgraçado iria morrer perfurado tal qual uma peneira. Barros correu em direção do infeliz, enquanto este esfarinhava o pó branco pelo chão. Eu corri também. Barros nem precisou de minha ajuda para, com força moderada, proporcional, conveniente, legal, etc,. jogar o rapaz no chão e algemá-lo.

Mas de nada adiantou seu esforço, pois não tínhamos prova suficiente para conduzir o infeliz do viciado para a delegacia. Barros não gostou nem um pouco de ter levado “chapéu”. Mas o serviço é assim, nem sempre a gente ganha... Depois de uma conversa muito produtiva que tivemos com o viciado, decidimos liberá-lo.

Nota: Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, fatos e lugares são frutos da imaginação do autor e usados de modo fictício. Qualquer semelhança com fatos reais ou qualquer pessoa, viva ou morta, é mera coincidência.

"É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença” - Inciso IX do artigo 5º da Constituição Federal.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Com fábricas de violência, não adianta cobrar apenas da Polícia

Não adianta imputar toda a culpa da violência na Polícia, nem cobrar apenas dos policiais que os índices de criminalidade diminuam. Com as fábricas de violência funcionando a pleno vapor, é preciso mudanças estruturais, sociais e morais.

Com filhos sendo criados sem limites, com a exarcebada falta de valores morais, com a mídia que esculacha a Polícia e glamouriza os criminosos, com o consumo de drogas desenfreado, os policiais apenas vão enxugar gelo, enxugar um iceberg que não pára de crescer.

O que me indigna é que a cobrança aos policiais pode ocorrer também no âmbito interno. Não que os policiais devam cruzar os braços, não é isso. Acontece que, se a cobrança for excessiva, irá estimular atos ilegais ou irá colocar os policiais em dificuldade, em risco de vida.

Suponhamos que se queira aumentar o número de operações blitz para apreender mais armas de fogo. Nada de errado, desde que se escale um efetivo que tenha supremacia de força para realizar as abordagens, desde que se faça um planejamento prévio, desde que o comando dialogue com os policias que atuam no setor sobre o melhor horário e melhor local... O que não pode é fazer as operações no “oba-oba”, colocando policiais em risco para melhorar estatísticas, para cumprir metas. Mesmo que o cumprimento dessas metas tragam vantagens pecuniárias, nenhum dinheiro traz de volta a vida de uma pessoa. A vida deve sempre vir em primeiro lugar.

Se o policial não tiver o devido discernimento, ele poderá ceder às pressões. E as pressões vêm de todos os lados. De um lado, cobram-se estatísticas, do outro, as punições vêm e vêm com força. Ficar nessa corda bamba pode levar o policial à loucura.

Se o objetivo é melhorar a conjuntura da violência, é necessário a participação de vários setores da sociedade; é necessário que a família assuma seu papel de formadora de cidadãos honestos; é necessário que a escola forme o aluno para a vida, e não para o vestibular; é necessário que as leis sejam rígidas com os criminosos (chega de impunidade!); é necessário que se dê condições para que o policial trabalhe com dignidade e segurança, e não apenas cobranças e cobranças.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Vídeos - Polícia Européia e Metanfetaminas

Dextermilian, um leitor quase sócio do Universo Policial, enviou-me por e-mail dois vídeos interessantes, os quais vocês podem conferir abaixo.
O primeiro, é sobre a ação do DEA (Agência Federal Antidrogas) no combate ao uso de metanfetaminas nos Estados Unidos; as metanfetaminas são drogas de potente efeito estimulante sobre o sistema nervoso central (SNC), altamente viciante, sendo um pó branco, cristalino, inodoro, que pode ser cheirado, fumado, inalado, injetado ou tomado por via oral. Uma única dose de metanfetamina pode levar o consumidor a ficar em estado de alerta e intensa agitação por 48 ou 72 horas seguidas.
O segundo, é sobre um Departamento de Polícia na Europa; chama a atenção o cuidado com a imagem da corporação e o trabalho de interação com o público infantil.


DEA combatendo o tráfico de metanfetaminas

Clique aqui e veja fotos do efeito devastador causado em pessoas que usaram metanfetaminas
Saiba um pouco mais sobre as drogas vendos os vídeos (clique nos links):
Drogas e Consciência - Anfetaminas e Cocaína
Reportagem sobre o submundo dos drogados


Departamento de Polícia Europeu

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Operação Macaquinha - Teorias e Práticas

Operação Macaquinha
·        José Ricardo

Já faz alguns anos que aconteceu a operação. Naquela época, o Sargento Mike tinha autonomia no policiamento. Podia patrulhar onde quisesse, quando achasse melhor, e desencadear a operação que julgasse mais eficaz. E sendo o mais antigo do setor, podia reunir as viaturas para, juntas, combaterem o crime. Ainda não havia sido implementado o policiamento reloginho. Mike aprendeu que ter poder não é ruim, desde que sabiamente usado, e usado para o bem. Com a autonomia que tinha, ele não dava trégua aos traficantes. Se o artista deveria estar onde o povo estivesse, o policiamento deveria estar onde o crime estivesse acontecendo, assim pensava o graduado. Como o tráfico agia ininterruptamente, Mike estava ininterruptamente atacando as bocas-de-fumo; mas eram muitas... impossível atacá-las todas de uma só vez. E impossível somente aos policiais acabar com o tráfico de drogas; já era uma epidemia. Tentava, porém, mantê-lo sob controle, evitando que se tornasse mais poderoso.
Naquela época, o poder do tráfico estava se manifestando sob a suspeita de que membros da quadrilha que dominavam o tráfico de drogas no Morro do Kid possuíam uma submetralhadora, vulgarmente chamada de macaquinha. Tal armamento deveria ser retirado de circulação.

Com a então autonomia que possuía, Mike reuniu os policiais das outras duas viaturas do setor. Equipe reunida, os agentes da lei discutiam sobre a melhor forma de adentrar no aglomerado e surpreender os marginais. Talvez tivessem sorte e encontrassem o armamento com algum deles. Contavam apenas com a sorte, pois não contavam com “agentes secretos” nem com informações mais detalhadas.
- Sargento, eu sugiro que a gente vá a pé. Entre pelos fundos da creche, avançe pela horta, pule o muro do bar do Lyn, pegue o beco do Quizin e prossiga até a boca-de-fumo da Rua Pirineu, que é onde a macaquinha deve estar - disse o Cabo Nissan.
Mike não podia fazer nada senão concordar com o cabo. Nissan, policial veterano no policiamento daquela comunidade, conhecia cada milímetro do aglomerado; tinha mapas dos becos da favela, fotos dos bandidos... Diziam que sabia até a árvore genealógica dos marginas. Enfim, detinha conhecimento. Pena que não sabia informações precisas sobre a real localização do armamento. Impossível discordar do cabo. Mike apenas acrescentou alguns procedimentos de segurança que deveriam ser observados pela equipe durante a operação.
Planejamento feito, discutidos todos os detalhes, tendo cada policial sido orientado sobre o que fazer, inclusive em caso de troca de tiros, os valorosos agentes da lei se dirigiram ao local.
Qual o real motivo de os policiais estarem arriscando a vida para retirar a macaquinha de circulação? Impedir o fortalecimento do tráfico? Sim, ou, talvez, como o Cabo Nissan falava, prazer em ver bandido atrás das grades. Nada de teorias. Quem está na ponta da linha, no fio da navalha, não pode pensar muito. Dizem que quem pensa não casa. Na Police, quem pensa muito não se arrisca, ainda mais quando se fala em combater o já banalizado uso e tráfico de drogas. Mas deixa as discussões para os policiólogos, estes que vivem a inventar teorias e a reinventar a roda. Quando as projéteis passam perto da sua cabeça, você manda essas teorias tudo para aquele lugar.
Conforme planejamento, os policiais foram adentrando furtivamente na favela. Nissan ia à frente, orientando os demais. Todos de arma em punho, concentração total, batimentos cardíacos acelerados.
Ponto a ponto, os policiais foram avançando, até chegarem próximos ao beco que dava acesso à boca-de-fumo. Nissan e Mike, um de cada vez, esquadrinharam a área. Dois olheiros a vigiar a movimentação, e alguns usuários. Os policiais deveriam agir com rapidez.
- Sargento, nós vamos ter que chegar correndo - disse Nissan.
- Certo. Mas vamos chegar com cuidado, dentro das técnicas.
O sargento passou a informação para o restante da equipe.
- Tem dois olheiros lá, e uns sete usuários. A gente tem que chegar correndo, senão eles vão dar o sinal. Parece que a macaquinha não está com eles, mas vamos agir com disciplina tática, ok?
Todos responderam afirmativamente e, ao verem o sargento iniciar desabalada carreira em direção à boca-de-fumo, todos os acompanharam.
- Police! Coloquem as mãos na cabeça! Coloquem as mãos na cabeça! - determinou o sargento aos suspeitos.
A ordem foi prontamente obedecida. Em posição de busca pessoal, os suspeitos foram sendo revistados. Nada de macaquinha; apenas pequena quantidade de maconha e crack com dois usuários, que foram detidos. Em seguida, os policiais fizeram buscas nas imediações do ponto de tráfico, mas não encontraram nada de importante nem mais ninguém.
Muitas outras operações foram desencadeadas por aquela equipe no Morro do Kid, mas o armamento nunca foi localizado. Talvez porque a equipe, não dispondo de “agentes secretos”, era “cega e surda”, ou, talvez, porque a macaquinha nunca existiu.
 
Nota: Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com fatos reais é mera coincidência.

"É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença” - Inciso IX do artigo 5º da Constituição Federal.
           

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Euforia

Euforia
  • José Ricardo
Sob o crepúsculo do limiar da noite, doze policiais do grupamento tático rastejavam por um terreno baldio, visando se aproximar furtivamente de um barraco. Há muito, os intrépidos agentes da lei tencionavam mandar aqueles narcotraficantes para trás das grades. Neste dia, porém, não haveria escapatória. As informações eram precisas e confiáveis.
Comandados pelo jovem Aspirante Fache, os policiais avançavam lentamente por entre a vegetação rasteira. Silêncio, comunicação por gestos. Em dado momento, o grupamento se dividiu em duas equipes, com o objetivo de cercar o barraco onde se homiziavam os próceres da quadrilha. Tudo já havia sido planejado e previamente ensaiado para um potencial confronto.

Quando chegaram a poucos metros do barraco, foi possível aos policiais ouvir a conversa dos marginais.
- Véio, eu vou passar o cerol no Langdon. Vou enfiar esta quadrada aqui na boca dele e mandar ele pro inferno. Aquele merda tá me cagüetando pros homi.
- O Langdon é um filho da mãe!
Os policiais estavam atentos a tudo. O termo “quadrada” significava que ao menos um dos indivíduos estava armado com uma pistola semi-automática.
- Chefe, vamos meter o pé na cachanga desses vagabundos - sugeriu o cabo Collet.
- Positivo - respondeu o aspirante. Comunicando-se por gestos, informou a decisão para a outra equipe. Agora ou nunca.
Com o mesmo ímpeto e a mesma rapidez de uma torrente que se precipita de um despenhadeiro, o grupamento invadiu o barraco. Com um violento chute, a porta da frente foi arrombada. Uma granada de luz e som foi arremessada para o interior do imóvel. Ao explodir, provocou completa confusão mental nos meliantes, atordoando-os. A porta dos fundos foi arrombada pela outra equipe, e ambas irromperam barraco adentro. Sincronia total, proveniente de meses de árduos treinamentos.
- Police! Police! Larguem as armas! Larguem as armas! - determinaram os policiais aos quatro marginais.
Não houve nenhuma reação. Os marginais foram pegos de surpresa. Um inimigo surpreendido é um inimigo meio vencido, já dizia Sun Tzu há cerca de dois mil e quinhentos anos.
- Algema eles - determinou o aspirante.
Em seguida, os policiais iniciaram minuciosa busca no barraco. E o resultado não poderia ser outro. Além de duas pistolas e dois revólveres, foram encontrados mais de quatrocentos papelotes de crack prontos para venda e quantidade considerável de maconha e cocaína. A casa caiu...
A euforia foi total. A sensação dos policiais era a de ter feito um gol na final da copa do mundo, ou de ter ganhado na loteria, ou de ter sido aprovado num concorrido vestibular. O jovem Aspirante Fache gritou e deu murros no ar, tal qual faz um campeão de atletismo. Naquele arriscado jogo de vida ou morte no combate à criminalidade, os inquebrantáveis policiais sagraram-se vencedores. E aos vitoriosos, nada mais natural do que efusivas comemorações.

Nota: Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com fatos reais é mera coincidência.

"É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença” - Inciso IX do artigo 5º da Constituição Federal.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Epidemia das drogas

A cada dia de serviço, fico mais estarrecido com a quantidade de usuários de drogas. O número parece não parar de aumentar e está tomando a proporção de uma epidemia, apesar de eu e meus companheiros estarmos engajados na luta contra esse veneno, que tanto está destruindo as famílias e a sociedade.
Sempre me faço as seguintes perguntas: O que anda acontecendo com os jovens? O que essa juventude pensa da vida? Estão entrando num caminho difícil de sair. Será que já refletiram alguma vez sobre isso?

Confesso que estou assustado. Não sei como frear esse consumo descomunal, que produz criminalidade, criando um perigoso ciclo vicioso. E é um problema que está atingindo todas as camadas sociais, da classe “a” à classe “z”.
De quem é a culpa? A culpa é dessa desagregação familiar e social que assola o país, da falta de valores morais e éticos incentivados pela mídia, da falta de uma maior religiosidade...
O uso de drogas, por si só, não é o problema. Afinal, cada um si mata da forma que quiser. O que me preocupa, na verdade, são os crimes decorrentes desse consumo desenfreado, como os homicídios praticados por dívidas de drogas, por acertos de contas, por guerra entre quadrilhas e, o mais preocupante, por confrontos com a polícia. Também não podemos nos esquecer de outros crimes, como furtos (para manter o vício), brigas e acidentes de trânsito. Uma coisa produz outra. A relação é direta. Mais uso de drogas, mais crimes. Invariavelmente. É assim, e não adianta fecharmos os olhos para a realidade.
E quem mais se arrisca nesse combate às drogas, quem se lança de corpo e alma nessa empreitada, é o policial. Esse profissional é o que mais se sacrifica na luta contra as drogas. È uma luta difícil, em que ele sente estar “enxugando gelo”, “dando murro em ponta de faca”... Muitas vezes é uma luta em vão, e ele se pergunta: Até quando? E quantos policiais já não morreram nessa luta? E quantos ainda não morrerão?
O uso de drogas está banalizado. Está parecendo a coisa mais normal do mundo. Os usuários não têm nem mais vergonha em admitir essa condição. Dizem, sem pudor: “eu sou usuário”, “eu fumo só uns beck de vez em quando”, “eu sou viciado mesmo, e todo mundo lá em casa sabe”, “pode me prender que eu não vou parar de usar”. E o policial prende, prende, prende... e o problema não acaba. Está lá, cada dia mais forte, tal qual um tumor maligno.
Estamos diante de uma epidemia, mas não podemos tratar o usuário e o viciado como doentes, como vítimas. Não são! Eles escolheram esse caminho. Também não podemos tratá-lo como os demais criminosos, porque muitos já se tornaram dependentes do veneno, que lhes mata um pouco a cada dia.
Creio em duas soluções, ou paliativos. Para os que já são viciados e dependentes, tratamento. Para os usuários, vergonha na cara e cadeia, porque eles são os financiadores do tráfico. Para os traficantes, muitos anos atrás das grades.
A lei tem que ser rigorosa tanto com o traficante quanto com quem o financia. Quando a lei é branda com os usuários, está fomentando o consumo e, conseqüentemente, o tráfico. Fortalecendo o tráfico, está fortalecendo o poder paralelo. E temos que tomar muito cuidado com esse poder marginal, porque ele gosta de dominar territórios, de cooptar a comunidade, de adquirir armas de guerra, de se infiltrar na política, de enfrentar o poder legal... Depois, não adianta chorar o leite derramado.
Só rezo por uma coisa: Que Deus proteja minha família dessa epidemia.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Até quando?

Até quando?
·        José Ricardo

Os militares haviam agido com inteligência. Desmantelaram a quadrilha que dominava o comércio ilegal de entorpecentes da Rua San Sebastian e que impunha terror aos moradores. Cumprindo um mandado de busca e apreensão, os milicianos mandaram para trás das grades o traficante-mor e seus asseclas. Teria sido um final feliz, se fosse num outro país, é claro. Mas aqui, onde tudo parece estar de cabeça para baixo, a história é outra...

Os facínoras não ficaram nem uma semana presos. Usando do artifício legal de presunção de inocência (ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória) os doutos advogados conseguiram alvarás de soltura para todos os narcotraficantes. E os criminosos, digo, indiciados, voltaram novamente à labuta, reassumindo as bocas-de-fumo e impondo aos moradores a tirania do tráfico. E o ciclo vicioso novamente é chamado a agir: abordagens constantes, detenção dos usuários, traficantes usando de estratagemas para escaparem da ação policial... E os dias e dias vão se passar, e o tráfico vai ficar cada vez mais forte, e vai querer cooptar os moradores, e aí, sem o apoio da comunidade,  vai ficar muito pior.
Fica a sensação de impunidade. Para os policiais, também fica a sensação de uma luta em vão. Até quando eles vão ter que arriscar a vida para nada? Para nada! Vale a pena morrer na luta contra o tráfico de drogas?

Nota: Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com fatos reais é mera coincidência.

"É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença” - Inciso IX do artigo 5º da Constituição Federal.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Quando a inteligência supera a força

Quando a inteligência supera a força

·        José Ricardo

Por muito tempo, os policiais de área se lançaram numa luta tenaz contra o tráfico de drogas da Rua San Sebastian. Sabiam quem eram o dono da boca-de-fumo e comparsas, mas estes, por meio de uma série de estratagemas, sempre logravam escapar das incessantes abordagens. Dessa forma, os  proativos e bem-intencionados policiais somente conseguiam infortunar os usuários, sendo estes detidos e levados à delegacia. E muitos usuários foram detidos, levados à delegacia pelo cometimento da infração sui generis de porte de substância entorpecente e, logo em seguida, liberados. E assim os dias e meses foram se passando, e a quadrilha ficando cada vez mais forte, para infelicidade dos moradores próximos.

Mas o Sargento Carvain, do Grouping tactical mobile, usando de inteligência, resolveu mudar a história que mais parecia um círculo vicioso tendendo para o lado dos facínoras. O graduado elaborou um minucioso documento sobre o tráfico de entorpecentes no local e o enviou ao Poder Judiciário solicitando a expedição de um mandado de busca e apreensão para o conjunto de barracos onde era feito o comércio ilegal. O magistrado, persuadido pelo teor do documento, deferiu o mandado. Para cumpri-lo, o Tenente Oprixus e o Sargento Faylon elaboraram um meticuloso plano para cercarem e adentrarem na cachanga casa dos meliantes sem que estes conseguissem evadir.
No dia estipulado, cerca de quinze policiais do Grouping tactical mobile se reuniram e se prepararam para deflagrar a operação. O plano foi exposto aos demais policiais envolvidos no cumprimento da ordem judicial. E lá se foram os destemidos e intrépidos policiais.
Logo ao abrir o portão que dava acesso ao conjunto de barracos, o Sargento Faylon foi recepcionado por um raivoso cão Pit Bull, o qual foi imediatamente calado com tiros de fuzil, provocando espanto e temor nos meliantes. E a ação policial prosseguiu com rapidez, precisão e sincronia. Os facínoras que tentaram evadir foram surpreendidos pelos policiais da contenção, e os que ficaram nos barracos foram dominados pela ação tática veloz, vigorosa e enérgica. Em menos de trinta segundos, foram presos o traficante-mor e todos seus asseclas. Iniciou-se, em seguida, o efetivo cumprimento do mandado de busca, ocasião em foram encontrados uma arma de fogo e quantidade significativa de entorpecentes. Estava caracterizado o flagrante e extinto o tráfico de drogas no local, para alívio dos moradores próximos.
No espaço temporal de trinta minutos, o Grouping tactical mobile foi muito mais bem sucedido do que meses e meses de trabalho dos policiais de área, provando que a inteligência supera em muito a força.

Nota: Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com fatos reais é mera coincidência.

"É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença” - Inciso IX do artigo 5º da Constituição Federal.


           

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Terrorismo ou demonstração de força?



Terrorismo ou demonstração de força?



·        José Ricardo



O faturamento daquela noite fora baixo para os narcotraficantes da Favela do Kid. A equipe do Sargento Mike não deu trégua para eles durante o período de repouso das pessoas ordeiras. Mas o tráfico odeia ser incomodado; tinha que dar uma resposta, algo que intimidasse a Military Police e demonstrasse seu poder perante a comunidade onde impunha o domínio e o terror.
Já no final do turno, com os primeiros raios de sol a surgir, o operador da central de comunicações falou na rede de rádio:
- Atenção viaturas que cobrem a Favela do Kid, segundo solicitações, indivíduos fecharam a pista principal da parte alta do aglomerado colocando fogo em pneus, sofás e colchões. Ainda, segundo as diversas solicitações, os indivíduos estão arremessando objetos contra os veículos que passam pela via e estão tentando assaltar os transeuntes. Qual viatura pode averiguar a situação?
- Central, é o CPU comunicando, empenha a VP 44444. Eu estou perto e vou dar apoio pra ela.
Além do CPU, outras duas guarnições se ofereceram para apoiar. O CPU autorizou. Em poucos minutos, as guarnições se encontraram e dirigiram-se para o local. Quando se aproximaram da favela, os militares avistaram pneus, sofás e colchões em chamas, pessoas correndo amedrontadas e veículos dando marcha-ré em desabalada. Os narcotraficantes, por sua vez, ao avistarem as viaturas, correram e adentraram em disparada num beco do aglomerado. Diante do quadro anormal, a velocidade das viaturas foi aumentada, mas os infratores conseguiram evadir.
Chegando ao local, os militares retiraram rapidamente os objetos em chamas da pista de rolamento, desimpedindo o trânsito. Em seguida, o CPU determinou:
- Os motoristas aí, peguem as viaturas e desçam lá pra parte baixa da favela e cerquem a saída do beco. Ok? O restante vai descer comigo.
As viaturas saíram em alta velocidade. Mike, por conhecer melhor os labirintos do terreno, assumiu a ponta da equipe que ficou na parte alta. Fazendo uma tomada de ângulo, iniciou a progressão tática pelo beco. Arma em posição de pronta resposta, visão panorâmica... Os outros militares o acompanharam, cada qual monitorando os pontos de foco e controlando os pontos quentes. Silêncio, comunicação por gestos... Furtivamente, os militares foram progredindo pelo terreno irregular. O beco parecia estar deserto, mas os militares não descuidaram das técnicas policiais. O risco desconhecido é geralmente o risco que mata.
Depois de alguns minutos, chegaram ao final do beco e... Nada. Nenhuma alma viva foi encontrada. Os narcotraficantes já haviam se homiziado em algum barracão da favela. O mal sorriu; escapou impune da ação legal do Estado.
- Mike, desloca para a Unidade. Segundo a Central, tem dois ônibus que tiveram os vidros quebrados lá esperando para fazer o registro da ocorrência - determinou o CPU.
- Positivo, senhor tenente.
- As demais guarnições podem recolher. Agradeço o apoio de todos.
Mike se dirigiu para o batalhão. Depois de digitadas as ocorrências, fez um relatório ao comandante da Fração. Assim terminou o documento:
(...) Fatos como esse são inadmissíveis. Representam o desejo dos traficantes em criar um poder paralelo e de aterrorizar a comunidade. Reitero que minha equipe não se esmorecerá e continuará envidando esforços contra o narcotráfico existente na localidade, e qualquer ato terrorista será reprimido com o uso legal da força.



Nota: Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com fatos reais é mera coincidência.


"É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença” - Inciso IX do artigo 5º da Constituição Federal.


O Lado Sombrio dos Games: Jovens Brasileiros Alvejados por Facções Virtuais

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