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sábado, 22 de dezembro de 2012

Ação social

Fonte: ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL DO 13º BPM

O GEPAR da 16ª Cia Especial do 13º BPM realizou em data de 19 de dezembro do corrente ano Ação Social nos bairros São Bernardo e São Tomaz. O evento foi promovido nas dependências dos Correios situadas na Rodovia Anel Rodoviário, KM 21.5, bairro Universitário, Belo Horizonte/MG.

As atividades tiveram início às 08:00 hs com a recepção das crianças e presença do PM AMIGO LEGAL. Um momento ímpar de alegria onde o público infantil desfrutou de brincadeiras, jogos, algodão doce, presentes, fizeram um delicioso lanche e se divertiram com a figura de um palhaço encantando ainda mais a festa.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

ATO DE BRAVURA


Uma guarnição policial composta por quatro militares fazia patrulhamento pelas ruas de Belo Horizonte/MG. Era madrugada e chovia muito. Uma senhora aciona os milicianos e relata que um prédio está na iminência de desabar. Os agentes do Estado entram no edifício, acordam todos os moradores e os retiram para fora do prédio. Dentre essas pessoas, havia duas crianças que estavam trancadas num dos apartamentos. Após arrombarem a porta, os militares também conseguiram retirar as crianças do edifício. A construção se transformou em ruínas alguns segundos após todos saírem.
Esse fato é verídico. Ocorreu no início deste ano de 2012. Para muitas pessoas, a ação rápida e precisa dos policiais foi um milagre. Os mais céticos talvez afirmem que foi mero cumprimento do dever funcional. Há quem diga, pasmem, que foi sorte. Mas a melhor definição (ou pelo menos a mais racional) para o que fizeram esses nobres militares é ATO DE BRAVURA.
O Ato de bravura está previsto na legislação militar mineira como uma das hipóteses de promoção na carreira. Consuma-se quando o militar pratica uma ação, de maneira consciente e voluntária, com evidente risco à própria vida, cujo mérito transcenda em valor, audácia e coragem a quaisquer atitudes de natureza negativa porventura cometidas .
Nesse sentido, promover os policiais que salvaram mais de uma dezena de pessoas; que não tiveram suas próprias vidas interrompidas prematuramente por frações de minuto não é mera concessão de recompensa. A promoção dos militares é um direito que eles fizeram jus no exato momento em que cumpriram, com extremo brilhantismo, os requisitos legais.
Portanto, há dois motivos para se comemorar neste episódio. Primeiro, a preservação da vida de diversos cidadãos, com repercussão positiva em âmbito nacional, enaltecendo a imagem da PMMG. Segundo, a decisão do comando da nossa instituição, que em prazo célere já aprovou a promoção dos quatro militares que praticaram o citado ATO DE BRAVURA.
Parabéns à Polícia Militar de Minas Gerais, sobretudo aos insignes 1º Tenente Gustavo Martins e Cabos Sheyla Cristina, Samuel dos santos e Marcelo Silva.

*Nivaldo de Carvalho Júnior, 2º Sgt da PMMG e bacharelando em Direito pelo Centro Universitário de Sete Lagoas

terça-feira, 12 de julho de 2011

Causos de polícia

Recebi o seguinte e-mail:

Ricardo, boa tarde.

Companheiro, gostaria de lhe pedir um grande favor.

Meu nome é João Wagner Ferreira, 2º Ten PM, lotado atualmente na 9ª RPM de Uberlândia/MG - 2ª Cia M Esp. e estou a dois meses de ir para a reserva e quero realizar um sonho que alimento desde que entrei para a Gloriosa PMMG.
Para realizar esse sonho dependo da colaboração de outros companheiros e principalmente de sua colaboração (Ricardo) para fazer conhecido esse sonho de outros colegas.
Meu sonho é escrever um livro com uma coleção de "Causos" de polícia, que tenho certeza que todo policial, seja militar ou Civil, já passou por tantos momentos interessantes, sejam cômicos, assustadores ou qualquer outra ordem e que gostaria de ter esses momentos imortalizados em um livro.
Solicito-lhe que "por favor" divulgue meu pedido de colaboração no "Universo Policial" e que os colegas que puderem enviar-me a referida colaboração, serei muito grato.
Caso o colaborador queira que seu nome seja publicado como "colaborador" possa acrescentar seus dados pessoais no final do "Causo".
A intenção não é ganhar dinheiro, que pelo contrário, uma publicação de um livro é muito caro. Estou disposto a gastar o que for preciso para realizar um sonho e para imortalizar a memória de heróis, muitas vezes esquecidas pelo tempo.
Grato pela atenção e espero contar com a colaboração de todos os companheiros para cumprir esse sonho.

Wagner, 2º Ten PM
Fone: (034) 8885-0868 - E-mail: Wagner.juci@yahoo.com.br

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Dez minutos para viver

* Roberto Kusiak

Temporal anunciado no serviço de meteorologia. Mais uma noite chuvosa e sonolenta de serviço. Talvez um acidente para atender e mais nada. Era sempre assim. Estávamos um pouco desanimados. Gostávamos de noites agitadas, de correria, de perseguição à vagabundos, de prisões. Gostávamos de ser polícia, eu e meu parceiro. Dois veteranos, quase vinte anos de serviço. Corações já endurecidos ao longo dos anos. Não sentíamos pena de vagabundo, muito pelo contrário, sentíamos sim, uma vontade de mandá-los para o outro lado, de limpar a cidade. Não importava quanto sangue o vagabundo derramava. Como disse, nossos corações estavam muito bem guarnecidos por uma crosta intransponível de quase vinte anos de crimes, de sangue, de choros, gritos, tiros.

Paramos a viatura embaixo de um galpão da RFFSA para tomarmos um gole de café que eu sempre tinha comigo na viatura. Aproveitamos para desembaçar os vidros e esticar as pernas. Pelo rádio ouvimos a central despachar outra viatura para atender a um acidente na rodovia, grave, segundo o rádio-operador.

domingo, 20 de junho de 2010

Angústia Cotidiana

* Nivaldo de Carvalho Júnior

Dias atrás me encontrei com o amigo José Ricardo (Sgt Monteiro), idealizador do Universo Policial, ocasião em que ele perguntou por que motivo eu não estava enviando mais textos para publicação neste blog. Com muita sinceridade, respondi que havia duas justificativas: falta de tempo (ando dividido entre atenção à família, trabalho operacional, encargos administrativos, faculdade etc) e falta de assunto (já que não participo mais de ocorrências policiais complexas como outrora).

No decorrer da conversa, falamos de assuntos corriqueiros relacionados à atividade policial, e o nobre companheiro, com sua inteligência singular, disse: "olha que tema bom para uma crônica." Neste instante, percebi que a correria do dia-a-dia estava me afastando daquilo que gosto: pensar e escrever.

Pois bem, decidi abordar fatos simples que presenciei, os quais demonstram claramente a angústia cotidiana que acomete as famílias brasileiras. Assim, resumo três ocorrências policiais atendidas por minha equipe.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Quem matou Pixote?

Autor: *José de Almeida Borges

Esta é uma história real.

Sobrevivi pra contar,

Entenda como quiser

Mas não se apresse em julgar.

Sou apenas anteparo...

Dos problemas sociais,

Quando me chamam é porque

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

A letra fria da lei

Autores: Alex Dalton e José Ricardo S. Monteiro

Naquela tarde, o sol estava a pino; o calor, insuportável. Eu era o patrulheiro de uma guarnição tática. Nossa barca patrulhava a Favela Pedreira, em Matozinhos. A viatura deslocava bem devagar, espremida numa viela; os retrovisores quase tocavam nos barracos.

De repente, a uns vinte metros do lado esquerdo da viatura, vejo um indivíduo correndo. A mente do policial já está condicionada: Se correu, é suspeito. Digo ao Cabo Luciano:

- Correu, correu! Pára! Um cara aqui ao lado saiu vazado quando viu a viatura.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

A segunda pele

Autor: * Nivaldo de Carvalho Júnior, 3º Sgt PM

“A farda não é uma veste que se despe facilmente, mas sim uma segunda pele que adere à própria alma, irreversivelmente.”

Bastou que eu ouvisse essa frase apenas uma vez para que tais palavras encontrassem lugar cativo em minha memória. A assertiva foi declarada por um major da Polícia Militar de Minas Gerais, durante a cerimônia de encerramento de um curso de ações táticas que tive o privilégio de participar.

Antecederam-se a tal pronunciamento as congratulações para aqueles militares que foram aprovados, seguidas das recomendações sobre a conduta que deveríamos adotar em face da nossa nova missão: atuar em ZQC´s (Zonas Quentes de Criminalidade), com o intuito de combater o crime organizado.

domingo, 4 de outubro de 2009

O dia seguinte

Autor: * Soldado Aluno Helder Andrade Anastácio

Éramos muitos neófitos, reunidos em um lugar amplo, bonito e confortável. Alguns de nós já tinham servido em forças de segurança, mas confesso que, para mim, era uma experiência completamente nova a Polícia Militar, uma decisão arriscada que tomei, contrariando expectativas e sonhos familiares, arriscando também tempo e dinheiro em um processo seletivo que sequer imaginava estar ingressando um ano e meio antes. Eu estava ali pensando em tudo o que poderia ser esta nova etapa, de bom e de ruim. Desejoso, vibrante, mas um pouco temeroso do que não conhecia, como é natural temermos o desconhecido.

domingo, 30 de agosto de 2009

A arte de errar

O dia 05 de outubro marcou o meu retorno à atividade operacional na Polícia Militar. Depois de passar 08 meses na área administrativa da corporação, voltei a exercer a principal missão de um miliciano, que é garantir a paz social. (Tomo a liberdade de fazer um aparte nesta crônica para registrar minha indignação, porque os termos “milícia” e “miliciano” estão sendo empregados indiscriminadamente para designar grupos armados que subjugam comunidades carentes, vendendo-lhes a segurança que compete ao poder público. Embora alguns policiais façam parte desses grupos de criminosos, não se pode chamar um bando que age à margem de lei de milícia, tampouco seus integrantes de milicianos. Na verdadeira acepção da palavra, milícia significa uma corporação sujeita à organização e disciplina militares. Logo, me orgulho de ser um miliciano).

Hei de reconhecer que minha breve passagem pelo serviço policial burocrático rendeu-me experiências úteis, as quais me fazem valorizar ainda mais o trabalho dos companheiros que preferem exercer a função administrativa a exporem-se aos riscos do combate aos criminosos.

O soldado ateu

Já estávamos no fim de mais uma jornada de trabalho. Passava-se das vinte e três horas de uma monótona segunda-feira, dia geralmente tranquilo no que tange à criminalidade violenta, cujo combate era nosso principal mister. Patrulhávamos o Bairro Nova Pampulha, numa região conhecida como “mangue seco”. Tal denominação não foi escolhida por acaso. As ruas do local eram todas de terra; parte delas intransitáveis, devido a enormes crateras provocadas pela voracidade das águas pluviais. Os lotes lindeiros lembravam a vegetação da caatinga. As residências eram construídas precariamente, a maioria delas não possuía reboco, o que contribuía para o aspecto desértico do local.

Neste cenário nada inspirador, ocorreu uma situação cômica, envolvendo uma guarnição do GIEAR (Grupo de Intervenção Estratégica em Áreas de Risco); mais precisamente aquela estava sob meu comando. Quando descíamos a rua vinte e cinco, uma das poucas que era possível percorrer embarcado na viatura, deparamos com um sujeito franzino, alto, moreno escuro (não é eufemismo, ele realmente não era negro), trajando roupas simples e empurrando uma bicicleta, a qual era tão velha que só servia mesmo pra empurrar.

Bastidores de uma ação policial

Sabe qual é a sensação de participar de uma ação policial bem sucedida? É a mesma de um orgasmo. É isso mesmo. É gostoso demais. O corpo libera doses descomunais de dopamina, adrenalina, ina, ina... É tão gostoso que até vicia. Eu fico imaginando o que sentiram os militares do 36º BPM quando participaram da gigantesca apreensão de armas e drogas em Capim Branco. Eu não estava lá; fiquei sabendo de manhã cedo. Encontrei com o Senhor Sargento Félix e demais militares do Pelotão de Recobrimento Tático todos sujos de barro, já na hora do almoço. Creio que eles ficaram a madrugada e toda a manhã empenhados na ocorrência. Em situações como essa, parece que o corpo nem sente o cansaço. Se eu estivesse lá, eu teria comemorado efusivamente. Euforia pura.

sábado, 15 de agosto de 2009

Díficil decisão

O trabalho de um policial é extremamente difícil. Implica executar suas atividades sob intensa pressão, expor a risco a própria vida e tomar decisões que podem influenciar profundamente a vida das pessoas.

Aprendi esta assertiva quando ainda frequentava as salas de aula da Academia da Polícia Militar, nos idos anos de 2002 e 2003, época em que eu não tinha certeza se esta era a profissão que gostaria de exercer durante trinta anos da minha vida. Hoje já não tenho mais essa dúvida, pois gosto muito do serviço policial.

A cada jornada de trabalho, constato que as dificuldades ora mencionadas são verdadeiras e, além disso, mexem muito com o meu estado psicológico. Trabalhar sob pressão e ver a morte de perto diariamente já não me abalam muito. Por outro lado, as decisões que tenho que tomar constitui a parte mais complicada da minha profissão. Como exemplo disso, devo relatar um fato ocorrido com uma guarnição que estava sob meu comando.

No dia 05 de junho de 2006, estávamos realizando uma operação policial na entrada do bairro Morro Alto, quando abordamos um ônibus. Na ocasião, um dos passageiros foi preso porque usava um documento falso para isentar-se do pagamento da passagem. O motorista e o trocador do coletivo foram arrolados como testemunhas do fato e em seguida foram liberados para continuar a viagem.

Para minha surpresa, ao cadastrar a ocorrência no sistema informatizado, constatei que havia um mandado de prisão em desfavor de uma das testemunhas, o motorista, com base no artigo 121 do Código Penal Brasileiro (homicídio). Tal fato causou-me espanto, porque eu sabia que o motorista trabalhava na empresa havia muitos anos e até então ele gozava de boa credibilidade.

No entanto, o mínimo que eu deveria fazer como responsável pela aplicação da lei era questionar o cidadão sobre a acusação a ele imposta. Desloquei minha guarnição até a empresa onde ele trabalhava e esperamos o retorno do ônibus coletivo. Deparamos com um senhor de fala mansa, fisionomia pacata, vestido com o seu uniforme de trabalho. Ao ser perguntado sobre o mandado de prisão, ele negou veementemente ter motivos para tal, todavia seu olhar denunciava a mentira. Cogitou haver perdido seus documentos e possivelmente alguém tê-los usado para incriminá-lo. Assim, o convidei a me acompanhar até a delegacia para esclarecer a situação, alertando-o para o risco de ele ser preso em circunstância piores.

No trajeto para a delegacia, tratamos o motorista com seriedade e respeito. Por esse motivo, angariamos a sua confiança. Ele relatou-nos que há vinte anos havia sido acusado de ter assassinado um pistoleiro no Estado do Mato Grosso; que foi ouvido pelo delegado naquela época e liberado porque não havia provas contra ele. O suspeito nos afirmou também que resolveu deixar o Estado porque estava sendo ameaçado por parentes da vítima.

Perguntei se ele realmente havia matado o pistoleiro e o suspeito negou novamente, acrescentando que sempre foi trabalhador e desde que veio para Vespasiano labutava na mesma empresa e morava no mesmo endereço com a esposa e a filha deles.

Foi neste instante é que me vi diante daquilo que considero mais difícil na vida de um policial: tomar uma decisão que influenciaria profundamente a vida de uma pessoa. Evidentemente que pelo aspecto da legalidade eu deveria prendê-lo sem pestanejar, afinal havia um ordem judicial para tanto. Mas, por outro lado, num país onde impera a impunidade, onde ladrões de colarinho branco, traficantes de drogas e assassinos contumazes andam livremente pelas ruas porque conseguem driblar facilmente nosso arcaico sistema de persecução criminal, colocar aquele reconhecido trabalhador numa cadeia poderia significar um ato incoerente, considerando que ele estivesse falando a verdade sobre sua inocência.

De um lado, uma ordem judicial, do outro, a fala de um trabalhador. Pensei em liberar o motorista e orientá-lo a procurar um advogado para resolver a pendência na justiça. Resolvi não tomar a decisão sozinho, embora fosse minha competência.

Dada a palavra aos meus companheiros, fiquei ainda mais confuso. O Soldado Felipe entendia que deveríamos cumprir o mandado, sustentando: “afinal quem nos garante que esse homem é mesmo inocente”. Já o Cabo Araújo achou que era melhor “dar um boi” para o motorista, dizendo-me que sua experiência profissional o fazia acreditar na inocência dele.

Diante do impasse, reportei-me aos ordenamentos jurídicos e lembrei-me que o mandado de prisão preventiva não se extingue enquanto não for cumprido. Assim, mais cedo ou mais tarde, aquele senhor seria preso e talvez não recebesse o mesmo tratamento que estávamos lhe dando. Resolvi então cumprir o mandado e mostrar ao preso o que ele deveria fazer para esclarecer os fatos.

Já na Delegacia, apareceu uma senhora acompanhada de uma menina. Tratava-se, respectivamente, de esposa e filha do suspeito. Educadamente a senhora me pediu para conversar com o marido. A menina, já no colo de seu pai, me olhou com rancor. Parecia que ela já sabia o que iria acontecer com seu genitor e que eu era o responsável por ele estar ali. Escutei aquela senhora dizer: “Isso aconteceria a qualquer momento, meu amor”. Percebi que tudo que tínhamos conhecimento até aquele momento era verdade, com exceção das circunstâncias em que ocorreu o crime no qual aquele cidadão figurava como acusado.

A presença dos familiares do motorista na delegacia em consonância com emprego lícito que ele desempenhava realçaram minhas dúvidas acerca da decisão que adotei, o que foi desmistificado quando nós saíamos da delegacia e a esposa do detento me disse a seguinte frase: “ Obrigado, meu filho, por não ter judiado dele. Vai com Deus e que o Senhor Jesus abençoe o seu trabalho”. Tais palavras me mostraram que eu fui justo, como deve ser todo policial, porque apenas executei minha função e em momento algum tirei a dignidade daquele homem.

No retorno ao patrulhamento, o clima dentro da viatura não era de euforia, como ocorre quando prendemos um “vagabundo nato”. Ao comentarmos o caso do motorista, o Soldado Felipe disse que nada nesta vida acontece por acaso. Eu também acredito nisso.

Que seja feita a justiça; se não for a dos homens, que seja a divina.

Fim

Autor: Nivaldo de Carvalho Júnior, 3º Sgt PM - obra escrita em 08/06/2006

Nota: Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, fatos e lugares são frutos da imaginação do autor e usados de modo fictício. Qualquer semelhança com fatos reais ou qualquer pessoa, viva ou morta, é mera coincidência.

É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença” - Inciso IX do artigo 5º da Constituição Federal.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Infância perdida

Eram 23 horas e 15 minutos da noite de sábado, 06 de maio de 2006. Patrulhávamos pelo bairro Nova Pampulha; na época, o mais perigoso da área de atuação do GIEAR (Grupo de Intervenção Estratégica em Área de Risco). Naquele lugar, naquele dia da semana e naquele horário estávamos mentalmente preparados para o pior – troca de tiros, homicídios, traficantes em fuga rumo aos becos estratégicos que ali existem, crianças e adolescentes usando entorpecentes, etc. Entretanto, o que aconteceu foi bem mais simples, mas não menos grave. Quando descíamos a rua dezoito, local onde é comum o confronto armado entre policiais e criminosos, uma mulher apareceu no meio da via. Os braços estendidos para o alto, sacudindo de um lado para o outro demonstravam desespero. A primeira ideia que nos vem à cabeça não poderia ser outra: mataram alguém. Entramos em estado de alerta. Todos com arma em punho. Os dedos indicadores coçavam o gatilho. Um simples estampido provocaria uma saraivada de tiros na direção do estrondo. Felizmente, nada disso ocorreu.

A aparência da mulher denunciava a vida sofrida que levara. A conversa arrastada e o hálito etílico que nos entorpecia deixava claro o estado de embriaguez. Em prantos, essa senhora nos pediu para buscar sua netinha de quatro anos que estaria sendo espancada pelo próprio pai da criança. Apesar da agressividade com a qual a mulher nos tratava, ficamos sensibilizados com a possibilidade dos fatos serem verdadeiros e decidimos verificar a situação.

Um beco estreito, íngreme, com degraus intermináveis, onde não se enxergava um palmo à sua frente. Este foi o local indicado pela senhora para buscarmos a criança. O Cabo Araújo (policial astuto, do tipo “vibrador”, que muitos colegas chamam de “bitolado”, aquele sujeito que suspeita de tudo e de todos) logo diz : - ô zim, isso é casinha de caboclo!

Para os desavisados “zim” é como chamamos uns aos outros dentro da favela para evitar falar nossos nomes, e “casinha de caboclo” é quando os vagabundos armam uma cilada para os policiais. A suspeita do Cabo Araújo era pertinente, mas o comandante da guarnição, Aspirante Martins, decidiu subir o beco. Eu permaneci na entrada, próximo à viatura policial, para monitorar a entrada no local e chamar reforço, caso fosse necessário. Em poucos instantes, a senhora desceu, já com a criança no colo. A menina era linda: rosto redondo, olhar meigo, cabelos lisos e negros, parecia uma índia. Seu nome era Isabela. Não havia nome mais apropriado, era realmente “bela”. No seu corpo franzino, não havia sinais de agressão. Perguntei-lhe se alguém a havia agredido. Os olhos daquele anjinho se encheram de lágrimas e ela respondeu que sim. Disse que seu próprio pai havia lhe batido, que sua mãe também lhe batia, que sua avó também lhe batia, mas que mesmo assim gostava de todos eles. Perguntei a ela com quem gostaria de ficar. Como uma inocência singular ela respondeu: com mamãe.

Meus colegas retornaram e disseram que o pai de Isabela estava drogado, em companhia de outros dependentes químicos. O barraco onde estavam parecia um chiqueiro. A criança brincava em meio à imundice do local. O pai insistia em ficar com a menina, alegando que sua ex-mulher era uma “puta” e a mãe desta uma “bebum”.

Chegamos à conclusão que não deveríamos deixar a criança nem com o pai (drogado) e tampouco com a avó (bêbada). Saímos, então, à procura da mãe de Isabela, seguindo as dicas da senhora que nos abordou.

- “Olha ela ali”, disse a avó, apontando para um boteco nefasto localizado na Rua Dezenove, ponto de encontro de viciados em drogas, assaltantes, homicidas e demais criminosos que compunham a escória da sociedade local.

Chamamos a mãe da menina. Ela relutou em nos obedecer, até ver que sua mãe e sua filha estavam dentro da viatura. Ao se aproximar aquela jovem, que parecia ainda estar iniciando a sua adolescência, percebi o quanto seria difícil solucionar aquela ocorrência.

A jovem transpirava rebeldia, dizia aos berros: “mãe, o que você está fazendo no carro da polícia com a minha filha”. O nosso comandante tentou explicar a situação, mas de nada adiantou. De tanto gritar, a jovem conseguiu tirar o Aspirante Martins do sério. Em um só gesto, ele puxou a jovem mãe pela gola da camisa e disse que ela devia nos agradecer por termos lhe trazido sua filha. A resposta da jovem não poderia ser mais revoltante: - “E quem disse que eu quero essa porra de menina agora, não vê que eu tô namorando.” Nesse momento, a moça sentiu a gola da camisa apertar seu pescoço. Isso foi a materialização da ira do nosso comandante. Com a voz já distorcida, ela desafiou: “Bate, sô puliça, bate até me matar seu covarde, é só isso que vocês sabem fazer mesmo”.

O comandante determinou: “abra o xadrez, vamos levar esta folgada pra delegacia”. Nesse momento, intervi: “É bobagem, chefe, não compensa. O problema mais grave, que é com quem ficará a menina, não será resolvido". Pensamos em acionar o Conselho Tutelar, mas, devido a experiências anteriores, desistimos. Nesses casos o conselheiro de plantão não vem, ou, se comparece, não resolve nada.

De súbito, veio em minha mente um velho ditado popular: “Deus, me dê coragem para modificar as coisas que posso, humildade para aceitar as que não posso e sabedoria para distinguir umas das outras”.

E assim convenci o comandante da guarnição a adotar a seguinte solução: dentre o pai drogado, a mãe vadia e a avó alcoólatra, naquele momento a criança deveria ficar com quem teve pelo menos a hombridade de nos pedir socorro.

O que me deixou muito triste foi pensar no que se transformará aquela princesinha chamada Isabela daqui a alguns anos...

Fim

Autor: Nivaldo de Carvalho Júnior, 3º Sgt PM - obra escrita em 07/05/2006

Nota: Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, fatos e lugares são frutos da imaginação do autor e usados de modo fictício. Qualquer semelhança com fatos reais ou qualquer pessoa, viva ou morta, é mera coincidência.

É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença” - Inciso IX do artigo 5º da Constituição Federal.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Adair, o estrategista

Ainda não entendo porque travávamos uma guerra particular contra os traficantes. Era algo obsessivo. Talvez porque não tínhamos sangue de barata, não sei. Eu ficava abismado com a audácia dos vagabundos, vendendo papelotes de crack como se fossem pacotinhos de amendoim torrado. Tamanho atrevimento tornou o que seria profissional em uma questão pessoal. O bom era que eu não estava sozinho.

Lembro-me que, em certo 4º/1º turno, eu e o soldado Barros deixamos a viatura em local seguro e deslocamos a pé até um ponto de observação. Por cerca de trinta minutos, monitoramos a boca-de-fumo situada alto da favelinha. Os vagabundos ficavam na entrada de um beco oferecendo o produto para qualquer um que por ali passasse. Estava algo descarado, e não era sem motivo que chamavam o local de "cracolândia". Aquela ousadia me fazia sentir derrotado. Mas a guerra contra as drogas era perene, e a nossa batalha, naquela noite, só estava começando.

Como nos outros turnos, era somente eu e o Barros na viatura. Precisávamos de apoio de uma guarnição "ponta de linha". Chamei no rádio a VP do Cabo Adair e Soldado Quintão. Fizemos contato na sede da Unidade. Expliquei para o grupo a situação. Na verdade, Adair sabia até mais do que eu e Barros sobre o tráfico no local. Então, era ora de planejarmos o "pulão". Não havia margens para erro, até porque estávamos com efetivo reduzido. Iríamos incursionar por uma zona quente de criminalidade com apenas quatro policiais.

No serviço operacional, nem sempre o mais antigo dita as principais regras da operação, pelo menos não quando eu estava no comando. Dizem que quem detém conhecimento detém autoridade. A respeito daquela favelinha e do modus operandi dos vagabundos do aglomerado, Adair era o "Papa". Eu trouxe a missão, Adair veio com a estratégia.

Surpreender infratores em seus locais de atuação é algo muito difícil. Os vagabundos monitoram tudo, conhecem todos que moram e transitam pelo local. Não vou contar detalhes da operação, até porque posso precisar repeti-la algum dia. Mas saiba que a estratégia do Adair foi brilhante.

Lembro-me que andamos muito; um dos becos era bem íngreme, sendo necessário ótimo preparo físico para avançar morro acima com a arma em posição de pronta resposta. Quando nos aproximarmos da boca-de-fumo, pudemos ouvir a conversa dos marginais.

No momento de dar bote, o "pulão", a adrenalina sempre se eleva. A cabeça pensa muita coisa. Se houver reação, é nós ou eles. Quando se está a frente da operação, ainda a gente pensa em como seria falar com os familiares do companheiro que ele faleceu em serviço. Não deve ser fácil. Então, se a situação exige que alguém vá para o caixão, que seja do outro lado.

Em decisão unânime, todos progredimos em disparada para a boca-de-fumo. Dois vagabundos estavam no local. Um deles arremessou a arma que portava em direção dos barracões da favelinha. O outro jogou no chão uma embalagem contendo oito papelotes de crack. Não houve reação, e determinamos que os dois se deitassem na pista de rolamento. Não conseguimos localizar a arma. Estava escuro, e não deu para ver onde ela foi parar. Com certeza tinha mais droga, mas os traficantes não são idiotas de ficarem de posse de grande quantidade de entorpecentes. Então, os dois só foram conduzidos com os oito papelotes arrecadados, quantidade nada expressiva.

No final das contas, e horas após a previsão do término do turno, com minha esposa já ligando preocupada para meu celular, fomos liberados do APF que foi lavrado por tráfico de drogas. Pelo menos conseguimos "flagrar" os dois. Sensação de dever cumprido.

Em decorrência da operação, fomos recompensados, um ano depois, com uma mera menção elogiosa verbal. O comandante achou que nossa ação não merecia sequer uma menção elogiosa escrita. Olharam mais pela quantidade da droga apreendida do que pela complexidade da incursão. Não sabem eles que, se desse "merda", a solução era pedir prioridade, chamar o pégasus e abrir caminho à bala. Mas estamos na era dos números, das estatísticas... O que são oito papelotes de crack? Não reclamo, porque, como eu disse no início, era uma guerra particular. Não conseguiríamos dormir tranquilos se não fizéssemos nada.

Enfim, a operação só foi bem sucedida, só conseguimos o efeito surpresa, porque contávamos com o Adair, o estrategista, que ultimamente vem se destacando, juntamente com sua excelente equipe, no comando do Grupo de Operações, guarnição superpadrão, altamente operacional, que anda sufocando a criminalidade em nossa cidade.

Nota: Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, fatos e lugares são frutos da imaginação do autor e usados de modo fictício. Qualquer semelhança com fatos reais ou qualquer pessoa, viva ou morta, é mera coincidência.

É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença” - Inciso IX do artigo 5º da Constituição Federal.

domingo, 8 de março de 2009

Windson, para os amigos. Hudson, para os pilas

No maior ponto de tráfico de drogas da cidade, todos estavam sob nosso jugo, todos com as mãos na cabeça, encostados na parede, quietos. Estávamos em inferioridade numérica, mas o apoio já vinha, e vinha voando baixo. Se não me engano, eu estava no CFS, fazendo estágio no Tático Móvel do então Cabo Miro, hoje, merecidamente, Sargento Miro, profissional velho de guerra, mas pronto para as mais intrépidas batalhas.

Enquanto revistávamos aquele monte de viciados e alguns traficantes, chegou a barca branca de listras vermelhas e azuis do Cabo Windson. A presença dele já provocou inquietação nos abordados. Widson, como era conhecido na caserna; Hudson, como era conhecido pelos vagabundos, era uma lenda na cidade. Ele já havia derrubado a cachanga de todos os criminosos residentes naquele município metropolitano. Era respeitado e temido.

- Nós estamos de boa, Hudson. - era essa frase a que mais se ouvia, a mais proferida pelos associados com o tráfico.

Não me lembro, mas devemos ter saído daquela boca-de-fumo com alguns viciados no xilindró da viatura.

Bom, mas não é sobre essa operação que quero falar; contei essa história apenas para narrar como conheci o Windson. Minha intenção é falar sobre os bons profissionais, a exemplo do Windson, que se dedicam dia e noite à Military Police, e que nem sempre tem a devida recompensa. Mas nem sei se eles querem ser recompensados. O Windson mesmo um dia, questionado sobre o porquê de ser tão operacional apesar de certas injustiças, respondeu: “Eu gosto de ver vagabundo atrás das grades, gosto de dar flagrante nesses pilantras.” A recompensa dele era essa. Para os idealistas, fácil de entender; para os racionais, difícil. Sim, difícil, porque há alguns dias vi um militar se orgulhando de ter ganhado duas medalhas de mérito. Fiquei pensando de qual forma ele ganhou as medalhas. Talvez fez por merecer, não sei, ele não me explicou. Também nem sei se o Windson já ganhou alguma medalha, só sei que ele merecia, pois sei que ele já trocou tiro com vagabundo, já se arriscou muitas vezes, pondo em risco a própria vida para o cumprimento da missão. Se aquele militar ganhou duas medalhas, o Windson merecia ter ganhado dez vezes mais.

No livro o “As setes virtudes do líder amoroso”, o padre Joãozinho diz que “o empreendedor é aquele que enxerga o invisível”, e que “o segredo do negócio é saber algo que ninguém mais sabe”. Windson é um desses empreendedores policiais, um daqueles que enxerga o que poucos veem. O segredo ele me ensinou e abriu-me a mente. O segredo da polícia é a informação, enxergar o invisível. Windson detém muito mais informações sobre o crime e sobre os criminosos da cidade do que a S2. É a S2 que busca informação com ele, e não o contrário.

Foi o Windson que tentou me ensinar a grampear os pilas por atacado, mas eu não aprendi, não tenho o tirocínio tão apurado quanto o dele. Ele parece farejar criminosos, armas e drogas. Ele desembarca da blazer e volta com um traficante grampeado e meio quilo de maconha apreendido. É impressionante, é uma lenda, assim como certos militares, ainda vivos, já viraram lenda na Unidade. Leles, Ermon, Francis, Aldair, Felix, Oprissus, etc. Oportunamente falo sobre eles.

Nota: Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, fatos e lugares são frutos da imaginação do autor e usados de modo fictício. Qualquer semelhança com fatos reais ou qualquer pessoa, viva ou morta, é mera coincidência.

"É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença” - Inciso IX do artigo 5º da Constituição Federal.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Milésimo de segundo, matar ou morrer


Ouça o conto no player acima ou leia abaixo

Lá estava o rapaz na minha frente, a uns dez metros de distância. Devia ter uns 18 anos o infeliz. Minha ponto quarenta estava apontada para seu tórax. O desgraçado não obedeceu a ordem de colocar as mãos na cabeça. Como um filme que se passa em câmera lenta, fui vendo-o colocar a mão para trás da cintura, como se fosse retirar algo de lá. Seria uma arma? Eu gritava para ele colocar as mãos na cabeça. O desgraçado não atendia. O meu organismo foi inundado por doses insólitas de adrenalina. Encostei o dedo na tecla do gatilho, era matar ou morrer.

Tudo parecia passar tão lentamente, talvez porque os pensamentos estivessem acelerados ao extremo. O Soldado Barros estava do meu lado. Talvez ele atirasse antes de mim, ou talvez estivesse esperando eu efetuar o primeiro disparo. No primeiro tiro que eu desse, ele provavelmente iria descarregar sua arma. Ele sempre foi um excelente companheiro de serviço. Era difícil encontrar policial com tamanha disposição. E, naquela época, eu também estava muito motivado. Perdi a conta de quantas vezes nós havíamos adentrado naquela favela sozinhos, só nós dois, incursionando por aqueles becos estreitos e fedorentos de esgoto a céu aberto. O nosso objetivo, pelo menos o meu, nem sempre era prender, pois eu preferia investigar, levantar informações sobre as bocas-de-fumo para depois dar o pulão certeiro e com supremacia de força. Eram incursões espiãs durante a madrugada, único horário que nos restava para combater o crime, pois, antes disso, éramos para-raios de conflitos sociais e familiares.

Num milésimo de segundo, apontei a arma para face do rapaz. Eu não costumava errar, ao menos não em alvos imóveis de papel. Mas a realidade era diferente, e eu decidi que era mais prudente voltar a alinhar a alça e a massa de mira para o tórax do infeliz, região do corpo de maior proporção. Na cabeça, bastaria um, no tórax, seriam necessários uns três disparos efetuados em rápida sequência, ou mais. Quando ele caísse, eu iria parar. O que eu não iria era dar chance para ele efetuar um disparo sequer, caso ele estivesse armado. Eu tinha família, gostava de viver e estava muito novo. O Soldado Barros, ainda mais novo do que eu, tinha namorada, para qual ele dizia que contava tudo que se passava nos nossos turnos de serviço. Sim, ele tinha que anunciar o serviço para a namorada, a Carolyn. De tanto ouvir nossas histórias, a Carolyn acabou ingressando também na Military Police.

O rapaz enfiou a mão no bolso de trás da calça. Eu não parava de gritar para ele colocar as mãos na cabeça. Ele tirou a mão do bolso. Meu dedo começou a pressionar a tecla do gatinho, momento em que percebi que ele havia pegado um papelote de cocaína. Soltei rápido a tecla do gatilho. Mais um milésimo de segundo e o desgraçado iria morrer perfurado tal qual uma peneira. Barros correu em direção do infeliz, enquanto este esfarinhava o pó branco pelo chão. Eu corri também. Barros nem precisou de minha ajuda para, com força moderada, proporcional, conveniente, legal, etc,. jogar o rapaz no chão e algemá-lo.

Mas de nada adiantou seu esforço, pois não tínhamos prova suficiente para conduzir o infeliz do viciado para a delegacia. Barros não gostou nem um pouco de ter levado “chapéu”. Mas o serviço é assim, nem sempre a gente ganha... Depois de uma conversa muito produtiva que tivemos com o viciado, decidimos liberá-lo.

Nota: Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, fatos e lugares são frutos da imaginação do autor e usados de modo fictício. Qualquer semelhança com fatos reais ou qualquer pessoa, viva ou morta, é mera coincidência.

"É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença” - Inciso IX do artigo 5º da Constituição Federal.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Histórico de BO / Boletim de Ocorrência



Criei este conto com o objetivo de passar algumas informações, fruto de minha experiência profissional, sobre elaboração de histórico de boletins de ocorrência. Qualquer dúvida, use o campo de comentários no final da página.


Histórico de BO
  • José Ricardo
Mais de três horas de rastreamento. Subimos e descemos becos de favela, perseguimos motocicleta, muitas abordagens. O turno foi agitado, pois um dos líderes da quadrilha que dominava o tráfico de drogas no Morro do Kid fora morto. O restante da quadrilha jurava vingança, o que significava muito trabalho para a equipe do turno seguinte.
Com as fardas molhadas de suor, eu e o Soldado Brucis estávamos sentados na frente do computador.
- Sargento, este histórico de ocorrência eu quero ver o senhor fazer – Brucis me falou, animado.
- Beleza. Vai demorar um pouco, em razão dos muitos dados que não podemos deixar de constar. Mas esta ocorrência não é muito diferente das demais. Em todo boletim de ocorrência, é necessário responder a algumas perguntas: Onde? Quando? Quem? Como? Por quê? Resultado? Ah, também é importante justificar e fundamentar nossas ações, como no caso de apreensão de objetos.
- Como começar o histórico, sargento?
- Vamos aprender fazendo – Abri a página de histórico e comecei a digitar – Você pode narrar os fatos na seqüência em que se sucederam ou a partir do momento em que você tomou conhecimento. Normalmente, eu opto pela segunda opção. Nesta ocorrência, eu vou começar assim. “Por volta das 03h30min, a Central de Comunicações nos transmitiu que”.
Brucis me interrompeu.
- Sargento, mas esta informação, de como fomos acionados, já consta na primeira parte da ocorrência...?
- Sim. Verdade. Porém, pensa só. Imagine um julgamento de homicídio. Qual parte da ocorrência você acha que o promotor ou o advogado vão ler para o júri? Você tá pensando que eles ficam lendo nome dos pais dos envolvidos, identidade, endereço, chassi de veículo... Em todos os julgamentos que assisti, eles só leram o histórico da ocorrência. Por isso, todas as informações que eu julgo importantes eu consto também no histórico, mesmo que já estejam em outro campo.
- Entendi, sargento.
- Beleza. Continuando. “... a central de comunicações nos transmitiu que, segundo diversas solicitações, um indivíduo estaria caído na Rua Woofer, 66, Morro do Kid, perdendo muito sangue, pois fora esfaqueado durante uma luta corporal com um outro indivíduo.” Constei essas informações para quem ler ter a mesma noção do que sabíamos antes de chegar ao local. Agora, vou colocar a situação com a qual deparamos. “Comparecemos ao local, contudo a vítima não se encontrava mais ali, visto que fora socorrida por populares até o Pronto Socorro Central. Os circunstantes apenas nos relataram que o autor seria um cidadão conhecido pela alcunha de Zé Mix. Enquanto outras guarnições procuravam o autor, comparecemos ao Pronto Socorro, onde o médico de plantão nos relatou que a vítima já deu entrada naquele hospital sem sinais vitais, apresentando cerca de sete perfurações no abdome e nas costas, estando as vísceras expostas.”
- Sargento, e sobre o autor?
- Vamos falar sobre ele agora. “Segundo as testemunhas, as quais socorreram a vítima e presenciaram o fato criminoso, um indivíduo conhecido por Zé Mix, de cor clara, cabelos lisos, altura mediana, residente na Rua Z, 94, Morro do Kid, mototaxista, teria se desentendido com a vítima porque esta teria agredido um menino há alguns dias; que, após uma inflamada discussão, autor e vítima entraram em luta corporal, tendo o autor sacado uma faca da cintura e desferido diversos golpes contra a vítima, a qual perdeu os sentidos e ficou caída na Rua Woofer, momento em que o autor aproveitou para evadir de posse do instrumento utilizado no crime.”
- Duas dúvidas, sargento. Uma, é sobre esse dois pontos e que (; que...). A outra, é sobre a motivação do crime. As testemunhas foram muito vagas neste ponto, e, pelo que conhecemos do local e da própria vítima, o crime pode ter relação com o tráfico de drogas.
- Sobre os dois pontos e que (; que...), é muito usado em termos de depoimento, tanto em processos administrativos quanto em processos judiciais. Serve para indicar que o relato das pessoas ouvidas ainda não terminou. Em vez de escrever “A testemunha disse ainda que...”, ou “ A testemunha disse também que...”, escreve-se somente “; que...; que...; que...; que...”. Quanto ao crime ter relação com o tráfico de drogas, nós não podemos afirmar, mas também não podemos omitir essa possibilidade. Então, eu vou constar o que sabemos. “Ainda, de acordo com as testemunhas, o autor, no momento do crime, estava de posse de dois papelotes de crack. As testemunhas não souberam dizer se era para consumo próprio ou para a venda. O local onde ocorreu o crime é conhecido como ponto de comércio de entorpecentes, e a vítima é suspeita de pertencer a quadrilha que domina o tráfico de drogas no Morro do Kid, inclusive, segundo sistema de prontuários criminais, já foi condenada judicialmente pelos crimes de tráfico de drogas, roubo e tentativa de homicídio.” Pronto, não falamos que o crime tem relação com o tráfico de drogas; deixamos para a consciência de cada um.
- E sobre o a rastreamento, a motocicleta...?
- Vamos devagar com o andor que o santo é de barro. “Durante rastreamento, dois indivíduos que estavam na motocicleta apreendida (CG TITAN de cor vermelha, placa HHH-9999), evadiram em alta velocidade, desrespeitando as sinalizações de trânsito e as regras de circulação, assim como colocando a vida dos transeuntes em perigo. Efetuamos o acompanhamento da motocicleta, tendo os ocupantes desembarcado na Rua Z e, em seguida, evadido a pé, momento em que também desembarcamos da viatura e fomos no encalço dos indivíduos. Estes adentraram na casa de número 94 da mesma rua, imóvel que, segundo as testemunhas, pertence ao autor do crime. Ante o estado de flagrante delito, adentramos no imóvel, contudo não conseguimos localizar os indivíduos, pois estes pularam o muro dos fundos da residência e fugiram para o interior do aglomerado, local com grande concentração de becos e vielas. A casa do autor encontrava-se toda revirada, com praticamente todos os móveis quebrados. Nas proximidades da residência, abordamos alguns menores, os quais nos relataram que havia rumores de que a quadrilha que domina o tráfico de drogas no aglomerado iria vingar a morte da vítima. Os menores nada disseram sobre os danos na casa do autor. Depreende-se, contudo, que já seja um ato de vingança pela morte da vítima.”
- Sargento, quando nosso comandante ler essa última parte que o senhor digitou ele já vai saber que vai ter problema nas próximas horas, talvez até durante alguns dias. Os vagabundos com certeza vão querer vingança.
- É bom já deixar avisado. Quando o capitão chegar, ele vai ler a ocorrência e já vai ficar sabendo que vai ter problemas durante o dia. Vamos continuar. Como eu te falei, é importante fundamentar nossos atos. O Código de Processo Penal diz que os objetos que tiverem relação com o crime devem se apreendidos, correto? Então... “Pelas circunstâncias narradas, a motocicleta tem relação com o crime e, considerando ainda o crime de direção perigosa praticado pelo condutor, ela foi apreendida, removida pelo Socorro Multicar e encaminhada ao Pátio Supermotors, sendo lavrado o auto de infração de número 0001.”
- Sargento, falta colocar que o autor não foi localizado.
- “Apesar do intenso rastreamento realizado pela nossa viatura e pelas viaturas do setor, o autor não foi localizado; os dados dele foram obtidos com seu irmão, o envolvido 06, sendo este orientado a tentar entrar em contato com o autor para que ele se entregue.”
- Sargento, falta alguma coisa?
- Falta apenas dizer que continuamos no rastreamento, ou melhor, no encalço do autor para, caso ele seja encontrado, ainda persista o flagrante delito, artigo 301 do CPP. “Não obstante, as viaturas do turno já estão informadas sobre o crime e continuam no rastreamento e no encalço do autor.” Então, ficou assim o histórico da ocorrência:
Por volta das 03h30min, a Central de Comunicações nos transmitiu que, segundo diversas solicitações, um indivíduo estaria caído na Rua Woofer, 66, Morro do Kid, perdendo muito sangue, pois fora esfaqueado durante uma luta corporal com outro indivíduo. Comparecemos ao local, contudo a vítima não se encontrava mais ali, visto que fora socorrida por populares até o Pronto Socorro Central. Os circunstantes apenas nos relataram que o autor seria um cidadão conhecido pela alcunha de Zé Mix. Enquanto outras guarnições procuravam o autor, comparecemos ao Pronto Socorro, onde o médico de plantão nos relatou que a vítima deu entrada naquele hospital sem sinais vitais, apresentando cerca de sete perfurações no abdome e nas costas, estando as vísceras expostas. Segundo as testemunhas, as quais socorreram a vítima e presenciaram o fato criminoso, um indivíduo conhecido por Zé Mix, de cor clara, cabelos lisos, altura mediana, residente na Rua Z, 94, Morro do Kid, mototaxista, teria se desentendido com a vítima porque esta teria agredido um menino há alguns dias; que, após uma inflamada discussão, autor e vítima entraram em luta corporal, tendo o autor sacado uma faca da cintura e desferido diversos golpes contra a vítima, a qual perdeu os sentidos e ficou caída na Rua Woofer, momento em que o autor aproveitou para evadir de posse do instrumento utilizado no crime. Ainda, de acordo com as testemunhas, o autor, no momento do crime, estava de posse de dois papelotes de crack. As testemunhas não souberam dizer se era para consumo próprio ou para a venda. O local onde ocorreu o crime é conhecido como ponto de comércio de entorpecentes, e a vítima é suspeita de pertencer a quadrilha que domina o tráfico de drogas no Morro do Kid, inclusive, segundo sistema de prontuários criminais, já foi condenada judicialmente pelos crimes de tráfico de drogas, roubo e tentativa de homicídio. Durante rastreamento, dois indivíduos que estavam na motocicleta apreendida (CG TITAN de cor vermelha, placa HHH-9999), evadiram em alta velocidade, desrespeitando as sinalizações de trânsito e as regras de circulação, assim como colocando a vida dos transeuntes em perigo. Efetuamos o acompanhamento da motocicleta, tendo os ocupantes desembarcado na Rua Z e, em seguida, evadido a pé, momento em que também desembarcamos da viatura e fomos ao encalço dos indivíduos. Estes adentraram na casa de número 94 da mesma rua, imóvel que, segundo as testemunhas, pertence ao autor do crime. Ante o estado de flagrante delito, adentramos no imóvel, contudo não conseguimos localizar os indivíduos, pois estes pularam o muro dos fundos da residência e fugiram para o interior do aglomerado, local com grande concentração de becos e vielas. A casa do autor encontrava-se toda revirada, com praticamente todos os móveis quebrados. Nas proximidades da residência, abordamos alguns menores, os quais nos relataram que havia rumores de que a quadrilha que domina o tráfico de drogas no aglomerado iria vingar a morte da vítima. Os menores nada disseram sobre os danos na casa do autor. Depreende-se, contudo, que já seja um ato de vingança pela morte da vítima. Pelas circunstâncias narradas, a motocicleta tem relação com o crime e, considerando ainda o crime de direção perigosa praticado pelo condutor, ela foi apreendida, removida pelo Socorro Multicar e encaminhada ao Pátio Supermotors, sendo lavrado o auto de infração de número 0001. Apesar do intenso rastreamento realizado pela nossa viatura e pelas viaturas do setor, o autor não foi localizado; os dados dele foram obtidos com seu irmão, o envolvido 06, sendo este orientado a tentar entrar em contato com o autor para que ele se entregue. Não obstante, as viaturas do turno já estão informadas sobre o crime e continuam no rastreamento e no encalço do autor.”
- Ficou bom, sargento.
- Espero que sim. Poderia ficar menor. Por exemplo, se narrarmos na seqüência em que os fatos se sucederam e omitirmos os dados que já constam em outros campos da ocorrência, poderia ficar assim:
“Segundo as testemunhas, autor e vítima se desentenderam por motivos banais e, após uma inflamada discussão, o autor sacou uma faca e desferiu diversos golpes contra a vítima; em seguida, evadiu de posse do instrumento do crime. A vítima foi socorrida pelas testemunhas até o Pronto Socorro Central, contudo, segundo o médico de plantão, já deu entrada naquele hospital sem vida, apresentado cerca de sete perfurações no abdome e nas costas. Durante rastreamento, dois indivíduos que ocupavam a motocicleta apreendida evadiram em alta velocidade da nossa guarnição, sendo prontamente perseguidos. Os indivíduos abandonaram a motocicleta na Rua Z e adentraram na casa de número 94 da mesma rua, imóvel que pertence ao autor. Os indivíduos fugiram pelos fundos da residência, não sendo mais vistos. A casa encontrava-se toda revirada e com os móveis quebrados, provavelmente por um ato de vingança pela morte da vítima. A motocicleta foi apreendida por ter relação com o crime e pela prática de direção perigosa, sendo encaminhada ao Pátio Supermotors. Foi lavrado o auto de infração de número 0001. O autor não foi localizado, mas continuamos nos rastreamento e no encalço dele.”
- Dá pra entender também, sargento.
- Verdade. Histórico de ocorrência é assim. Cada um faz de um jeito. Se eu fosse escrever de novo, ficaria diferente. Se outro policial fizesse, ele narraria os fatos de forma diferente. O papo tá bom, mas vamos logo registrar a ocorrência na delegacia que já passou do nosso horário.


Nota: Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, fatos e lugares são frutos da imaginação do autor e usados de modo fictício. Qualquer semelhança com fatos reais ou qualquer pessoa, viva ou morta, é mera coincidência.


"É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença” - Inciso IX do artigo 5º da Constituição Federal.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Sensitividade

Sensitividade
·                    José Ricardo

Deus no céu e a polícia na terra. É assim que muitos pensam. Chamam a polícia para tudo. O que dois policiais podiam fazer num hospital para atender uma solicitação dando conta que uma mulher chegara dizendo que ouvia vozes e que precisava de ajuda? Nada. Policiais não são psiquiatras. Mas foram chamados...
- Sargento, essa mulher chegou aqui dizendo que está ouvindo vozes de um tal de Muriel. Ela conversa com ele como se ele estivesse ao lado dela. Olha pra você ver - disse a atendente do hospital.
De fato, a mulher falava e gesticulava com exaltação, conversando com um ser imaginário a quem ela chamava de Muriel.

- Olha, Muriel, têm dois policias aqui. Não deixa eles me prenderem, não, Muriel.
- Senhora - disse o Sargento Mike -, nós não viemos aqui para te prender, não. Nós viemos aqui para lhe ajudar. Por que a senhora chegou ao hospital correndo?
- Foi o Muriel que mandou.
- Quem é o Muriel?
- Ele é o diretor da escola onde eu trabalho. Eu sou professora. O Muriel é sensitivo. A gente conversa por telepatia. Ele está me testando.
O Sargento Mike não entendia nada de sensitividade, mas respeitava todo tipo de credo.
O Sargento virou-se para a atendente do hospital.
- A gente não pode fazer nada por ela, não.
- Mas ela chegou dizendo que estava sendo perseguida por algumas pessoas...
- Mas tudo isso é na cabeça dela.
- Sargento, eu chamei o médico. Espera só ele chegar.
- Eu acho que ela vai ter que tomar alguns remédios para ficar mais calma.
- O médico também acredita em sensitividade. Ele disse que vai orar por ela.
O médico chegou com uma bíblia na mão. Cumprimentou os policiais e aproximou-se da mulher.
- Como a senhora chama? - ele a perguntou.
- Mary Sabich. Eu sou professora.
- Ah... Mary Sabich... Mary, vamos orar um pouquinho?
- Vamos, doutor. O Muriel tá dizendo que é para eu orar com o senhor.
O médico abriu a bíblia e leu o salmo 91 duas vezes para a mulher, mas ela o interrompia a todo momento.
Mike percebeu que o médico não estava tendo sucesso.
- Doutor, parece que será preciso medicá-la.
- Eu vou ler só mais um salmo para ela. O problema dela é espiritual. Ela precisa de oração.
Salmo 23. O senhor é meu pastor, nada me faltará... Ao ser interrompido novamente, o médico desistiu.
- É, sargento, ela precisa de oração, mas vamos aplicar uma injeçãozinha pra ela ficar mais calma. Você dois podem ajudar a gente? Talvez seja preciso segurá-la.
- Sim, doutor.
Mike e o Soldado Brucis eram policiais comunitários, por assim dizer. Não podiam negar o pedido do médico.
A mulher não queria tomar a injeção. Mike pensou num modo de convencê-la. Pegou o celular e apertou algumas teclas aleatoriamente. Depois, na presença dela, falou:
- Alô, é o Muriel? Oi, Muriel, é o Sargento Mike quem está falando. Tudo beleza? É o seguinte, a Mary Sabich precisa tomar uma injeção para ficar mais calma. Ela disse que só vai tomar a injeção se você deixar. Ela pode tomar? Pode, né. Então eu vou falar com ela que você disse para ela tomar injeção. Obrigado, Muriel.
O Soldado Brucis falou com o sargento:
- Bem que a psicóloga falou que o senhor é doido.
- Com direito a laudo psicológico de doidura e tudo.
Olhando para a mulher, Mike disse:
- É, Mary Sabich, Muriel falou que você tem que tomar a injeção.
- O Muriel falou? Então, tá bom. Eu vou tomar então.
Depois de alguns minutos tentando convencer a mulher a se deitar na cama para tomar a injeção, que seria aplicada na veia, ela disse:
- Eu só vou tomar se o Sargento Mike aplicar a injeção em mim.
E não é que o médico teve a audácia de perguntar:
- Sargento, você sabe aplicar injeção?
- Sei não. Doutor, vamos ter que segurá-la mesmo - esquivou-se Mike.
Quando a mulher percebeu a disposição no uso da força, apenas obedeceu ao médico.
Trinta segundos depois de ter sido aplicada a injeção, ela ficou sonolenta e não ouviu mais voz nenhuma. Ocorrência resolvida, o doido do Sargento Mike e o Soldado Brucis voltaram ao patrulhamento normal.

Nota: Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, fatos e lugares são frutos da imaginação do autor e usados de modo fictício. Qualquer semelhança com fatos reais ou qualquer pessoa, viva ou morta, é mera coincidência.

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